“Despedida em grande estilo" faz retrato cômico de uma crítica social

Em cartaz nas salas de cinema, filme retrata injustiças de forma hollywoodiana

Alan Arkin, Morgan Freeman e Michael Caine formam o trio de protagonistas - Divulgação

 

A realidade é uma das inspirações do cinema, sendo adaptada de formas e perspectivas diferentes. Na base de “Eu, Daniel Blake”, filme de Ken Loach vencedor do Festival de Cannes do ano passado, está a luta por direitos de um homem comum, as injustiças da máquina burocrática. Enquanto o filme britânico tende ao realismo, uma espécie sutil de drama político, o filme, que está em cartaz nas salas de cinema, “Despedida em grande estilo“, versão hollywoodiana da luta do homem contra o sistema, aproxima-se da liberdade poética do humor.

O longa é a refilmagem de uma obra de 1979. No enredo, os amigos Joe (Michael Caine), Willie (Morgan Freeman) e Albert (Alan Arkin) recebem benefícios da previdência de uma mesma empresa, que encerra esses contratos de forma abrupta. Um banco está envolvido nesse processo brutal de injustiça - o mesmo em que Joe é cliente e presenciou, na primeira cena, um assalto bem sucedido. 

A soma de problemas diversos - falta de dinheiro para comprar comida, impossibilidade de pagar a hipoteca - fazem Joe sugerir uma ideia ousada, considerando que os três já passaram dos 70 anos: assaltar o banco e roubar o dinheiro que lhes foi retirado. Há boas piadas sobre esse peculiar plano de aposentadoria, humor que nunca parece transcender para questões políticas maiores e mais urgentes. Os três atores parecem em sintonia e a direção de Zach Braff (“Hora de Voltar”, de 2004) tende a priorizar bons lances de humor e instantes de drama.

É a forma como o cinema comercial norte-americano retrata injustiças sociais: um filme que começa apontando deficiências contemporâneas e depois se transforma numa cativante fábula cômica. É uma história que diverte pelos personagens e sensibiliza por sugestões de dramas que geram empatia. Ao longo da projeção, o roteiro parece se afastar de uma possibilidade mais interessante de crítica social, optando pelas condições do gênero humor.