MP apura se ex-vereador Jerominho foi morto por tentar expandir e retomar seus domínios no Rio
Ex-vereador, apontado como um dos criadores da maior milícia do Rio, foi morto no último dia 4 a tiros
O bando liderado por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, usa a estrutura do estado para expandir seus territórios e matar desafetos. É o que disse a subcoordenadora do Gaeco, Roberta Laplace, no final da manhã desta quinta-feira (25), após uma operação para prender 23 pessoas que integram o grupo paramilitar chefiado por Zinho. O Ministério Público do Rio apura se partiu do miliciano a ordem para matar o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, em 4 de agosto.
Diálogos extraídos de quatro celulares de Rodrigo dos Santos, o Latrel, tido como o Zero Dois do grupo, indicam que eles queriam matar Jerônimo e Natalino José Guimarães por estarem expandindo territórios e retomar seus antigos domínios na Zona Oeste.
— Não dá para afirmar categoricamente. O que descobrimos nessa operação, que foi analisada de um tempo, é que eles estavam enfurecidos com a expansão do Jerónimo e do Natalino. Eles estavam enfurecidos e reclamavam nas mensagens. O Latrel chegou a dizer que tinham que resolver esses velhos do car*** — disse a promotora durante uma coletiva de imprensa.
Antes de assumir o controle do grupo miliciano, Zinho, que não teve passagem por forças policiais, integrou a organização ao lado do irmão Ecko ao ficar encarregado da contabilidade e da lavagem do dinheiro oriundo das atividades ilegais. No passado, Tandera era homem de confiança de Ecko, com a missão de expandir o território da quadrilha para a Baixada Fluminense, região que hoje domina.
De acordo com a promotora, o bando do Zinho “estava reclamando e chatearia com essa suposta expansão da velha guarda da milícia” em diversas regiões da Zona Oeste, atualmente, comandada por Zinho.
— Essa investigação faz parte da análise dos aparelhos apreendidos com o Latrel. Ele foi preso em março deste ano e a partir disso foi feita a análise e a extração dos diálogos. O núcleo de investigação sensíveis da PF fez uma análise e identificou esses 23 integrantes dessa milícia — destacou.
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio (MPRJ) deflagraram nesta manhã uma operação para prender Zinho. Dos 23 mandados de prisão temporária expedidos, oito foram cumpridos, e ao menos uma dessas pessoas foi levada para a sede da PF. Geovane da Silva Mota, o GG, apontado também como um dos chefes dessa milícia, foi preso em um hotel de luxo na cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. O juízo da 1ª Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado da Capital ainda expediu 16 mandados de busca e apreensão, todos na região da Zona Oeste.
— Vamos analisar o material apreendido hoje para saber se o Zinho ordenou a morte do Jerônimo. O que sabemos é que eles estavam insatisfeitos e não descartamos que ele tenha sido morto a mando do Zinho. Mas isso precisa ser apurado — salientou Roberta Laplace.
O MP destacou que, com a análise dos quatro aparelhos de celulares, foi possível notar que o grupo paramilitar “estava a todo vapor”.
— Notamos o pagamento de propina desde postos de gasolinas até os pequenos comerciantes. Além disso, existia o pagamento de propina para policiais militares, policiais penais e uma troca de mensagem infinita com PMs de batalhões da região da Zona Oeste.
O Ministério Público do Rio identificou que os paramilitares fazem assinaturas de bancos de dados vendidos irregularmente e também têm acesso aos bancos de dados oficiais, acessados por agentes subornados por eles. O caso era tão grande que de dentro da cadeia os milicianos tiveram acesso às informações de um preso que sairia recentemente.
— Presos, de dentro da cadeia, mandavam zilhões de massagens. De dentro da cadeia eles mandavam matar desafetos, mandaram extorquir. Tem um diálogo muito chocante que eles pedem para levantar um traficante e eles têm acesso a ficha desse traficante que havia sido fichado na Seap — destacou a promotora.