ROCK IN RIO

Carta na manga de Bieber, Ludmilla e Sonza, 'playback' é visto com bons olhos por novos produtores

Recurso pode ajudar na performance do artista no palco em momentos de dança ou em feat, garantem

Justin Bieber em show no Rock In Rio - Reprodução / Twitter

Visto por vezes como um recurso desrespeitoso com o público que vai a um show justamente para consumir música ao vivo, aparentemente o playback deixou de ser vilão e passou a ser carta na manga. Não aquele playback “rústico”, muito comum em programas de auditório na TV, quando o artista finge que está cantando enquanto o que se ouve é a gravação da sua voz. Mas o playback como efeito ou como suporte em momentos específicos de um show.

Ou no caso de um feat, quando o artista não está junto de seu parceiro em cima do palco. Foi assim no show de Ludmilla no Rock in Rio, neste domingo (11), quando um playback "garantiu" a presença de Glória Groove no Palco Sunset enquanto Lud cantava "Modo avião". Em outro momento do Rock in Rio, também no Sunset, Luísa Sonza foi dançar enquanto sua própria voz a cobria no palco.

Expoentes de uma nova geração do mercado fonográfico, os produtores musicais e compositores Pablo Bispo e Ruxell são uníssonos em dizer que torcer o nariz para o playback ficou pra trás.

"A não ser no sertanejo, ou no reggae, gêneros mais orgânicos, que a gente ainda imagina que não faça muito sentido um cantor simular a própria voz", diz Ruxxell, por telefone. "Mas no trap e no rap, por exemplo, músicas pop urbanas, às vezes é um artifício que se tem no palco", explica o produtor.

Bispo diz que as novas gerações estão cientes dos playbacks em shows de trap, funk e rap, e chancelam o recurso. Tudo em nome da performance entregue nos palcos. O que vale é a "experiência", garante o produtor.

"Vale confiar na experiência que o artista proporciona. Muitas vezes ele vai precisar dançar, por exemplo, é uma hora que vale o uso do playback. Quem é contra isso, talvez não seja do publico jovem. No caso do show da Lud, por exemplo, quando começa o "Lud Sessions" o publico já sabe até as falas de cada uma, ficaria um vazio sem a voz da Glória. O playback acaba fazendo parte da experiência ", diz Pablo Bispo.

Outro momento do Rock in Rio em que se evidenciou o uso do playback foi no show de Justin Bieber, quando a voz do cantor foi multiplicada no refrão de "Sorry". Ruxell defende o cantor canadense:

"No caso dele, ainda há uma responsabilidade por conta de um quadro de saúde sensível. Entregar um show para 200 mil pessoas não é fácil. Ainda que tivesse o playback clássico, estaria tudo bem", avalia Ruxell, corroborado pelo colega Bispo: - Os efeitos de dobra (quando a voz é duplicada) são recursos do pop moderno. Antes não se falava porque não existia, mas hoje não só existe como é tendencia. O Justin abre 20 vozes que não são o Justin, mas ele vai completar com a energia por cima, isso faz parte. Realmente nós temos que quebrar esse olhar do playback antigo.