Reino Unido

Enfermeiros britânicos votam greve nacional sem precedentes

O RCN reivindica um aumento salarial de 5% acima da inflação

O ministro da Grã-Bretanha sem Portfólio Nadhim Zahawi (E) e o secretário de Saúde da Grã-Bretanha, Steve Barclay, saem depois de participar de uma reunião do Gabinete na 10 Downing Street, no centro de Londres, em 1º de novembro de 2022 - Daniel Leal / AFP

Os enfermeiros do Reino Unido votaram, nesta quarta-feira (9), a favor de uma greve nacional sem precedentes no país para reivindicar aumentos salariais em um contexto de inflação recorde – anunciou o sindicato Royal College of Nursing (RCN).

A greve "deve começar antes do final do ano", informou o RCN, sem mais detalhes, acrescentando que "muitos dos maiores hospitais da Inglaterra serão afetados".

"O resultado da nossa maior votação de greve mostra que um número recorde de pessoal de enfermaria está preparado para se juntar às greves neste inverno (verão no Brasil)", disse o sindicato, ao divulgar sua primeira ação nacional em seus 106 anos de história.

O secretário britânico de Saúde, Steve Barclay, chamou a decisão de "decepcionante".

A greve ocorrerá no contexto de uma crescente crise pelo aumento do custo de vida que, segundo o RCN.

“Este é um momento decisivo em nossa história, e nossa luta continuará com greves e com outras ações pelo tempo que for necessário para conseguir justiça para a profissão de enfermagem e para nossos pacientes”, disse a secretária-geral do sindicato, Pat Cullen, em um comunicado.

"A raiva se transformou em ação: nossos membros dizem 'chega'", acrescentou.

O RCN reivindica um aumento salarial de 5% acima da inflação.

"Valorizamos enormemente o trabalho duro e a dedicação dos nossos enfermeiros", disse o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, à imprensa, garantindo que o Executivo é favorável a um acordo salarial "justo" com o RCN.

O assessor observou, no entanto, que, se for estendido a todos os profissionais da saúde pública britânica, incluindo médicos e dentistas, a reivindicação salarial de 17% custará 9 bilhões de libras (US$ 10 bilhões).

"Na situação atual, isso é, simplesmente, inviável", enfatizou o porta-voz.

Nos últimos meses, o Reino Unido tem sido palco de uma multiplicação de greves e protestos. Dezenas de milhares de trabalhadores de diferentes setores – dos correios ao sistema jurídico, passando pelos portos e pelas telecomunicações –  entraram em greve em todo país durante o verão.