Rodovias

Situação das estradas piora em 2022 e país tem 66% das rodovias em mau estado

Dos 110,3 mil quilômetros analisados, 44,9 mil foram considerados em estado regular, 20,7 mil em estado ruim e 7,1 mil em péssimo estado

Movimentação nas rodovias - Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

A situação da malha rodoviária do país piorou em 2022. Neste ano, 66% das rodovias foram consideradas em mau estado, contra 61,8% no ano anterior, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nesta quarta-feira.

Dos 110,3 mil quilômetros analisados, 44,9 mil foram considerados em estado regular, 20,7 mil em estado ruim e 7,1 mil em péssimo estado. Juntos somam 66% das rodovias do país. Em ótimo ou bom estado, foram 37 mil quilômetros.

A avaliação considera vários itens, como a qualidade do pavimento das estradas, se a sinalização é adequada e a geometria da vida, como se há presença de faixas adicionais ou curvas perigosas.

Bruno Batista, diretor-executivo da CNT, ressaltou que a piora no estado geral das rodovias está muito relacionada à falta de recursos destinados para investimentos.

— Há uma degradação evolutiva e constante da qualidade das rodovias no Brasil essa degradação está relacionada a queda dos investimentos. Estamos nos últimos 5 anos com investimento abaixo de R$ 10 milhões de reais. Com esse volume tão reduzido, os próprios órgãos do governo não tem condições de fazer manutenção — afirmou.

Segundo a análise da CNT, a maior parte das rodovias em mau estado está sob gestão pública. Dos 87,1 mil quilômetros analisados, 75,3% estão em estado regular, ruim ou péssimo. Outras 24,7% foram avaliadas com boas ou ótimas.

Já entre as rodovias que foram concedidas, 16 mil quilômetros foram avaliadas com boas ou ótimas, ou 69% das estradas consideradas. Outros 7 mil quilômetros, 31% das rodovias, são regulares, ruins ou péssimas.

Segundo Batista, a discrepância entre a qualidade das rodovias sob gestão pública e privada é principalmente devido ao fluxo de recursos investidos na manutenção.

— O fato é que volume maior de recurso destinado de forma perene e constante é que fazem com que as rodovias concedida tenham um nível de qualidade muito superior ao de rodovias públicas que tem sempre essa carência no fluxo de recursos — disse.

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Acidentes e custos

A pesquisa da CNT mostra um leve aumento no número de acidentes rodoviários entre 2020 e 2021. Há dois anos, foram 63.548 contra 64.515 acidentes ocorridos em rodovias federais no ano passado.

A Confederação calcula o custo econômico desses acidentes em R$ 12,7 bilhões em 2021. No ano anterior, foi de R$ 11,7 bilhões.

Segundo a CNT cada acidente com fatalidade tem custo médio de R$ 1 milhão, com vítimas de R$ 153,4 mil e sem vítimas, R$ 37,3 mil.

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Rodovias em estado ruim também impactam o meio ambiente e o custo operacional de quem trafega. O estudo aponta que houve consumo desnecessário de 1 bilhão de litros de diesel fóssil em 2022, ou R$ 4,9 bilhões a mais de custo, por conta das “inadequações” do pavimento.

“Rodovias deficientes reduzem a segurança viária, aumentam o custo de manutenção dos veículos, além do consumo de combustível, lubrificantes, pneus e freios”, aponta o relatório.