No palco, a assinatura de Doc Comparato

Passagem do dramaturgo e roteirista pelo Recife deixou como fruto projeto de duas montagens teatrais na Cidade

Em setembro do ano passado, o dramaturgo e roteirista carioca Doc Comparato esteve na capital pernambucana ministrando uma oficina de roteiro. Realizado ao longo de cinco dias, o curso gerou frutos para além do ensino de técnicas de como escrever para cinema e televisão. Durante essa breve passagem pelo Recife, o escritor - que irá completar 40 anos de carreira no próximo ano - acertou com produtores locais duas montagens de textos teatrais de sua autoria, ambas com estreias agendadas para outubro deste ano. Um dos espetáculos em produção é “Nostradamus”, cujo projeto será lançado nesta quinta-feira (27), às 19h, no auditório da Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), na presença de seu criador.

A produtora Ana Patrícia Vaz Manso, sócia da Delfos Produções, foi uma das alunas do seminário comandado por Doc. Entre uma aula e outra, ela apresentou ao dramaturgo o desejo de levar “Nostradamus” aos palcos recifenses. Com a benção do mestre, a produtora entregou a direção da peça ao encenador Anderson Leite, do Grupo São Gens de Teatro. O elenco já está escalado e, neste sábado, atores, autor e direção se reúnem para a primeira leitura dramatizada da obra. O texto foi montado originalmente em 1985, trazendo Antônio Abujamra na direção e Antônio Fagundes no papel de protagonista. Depois, outras versões foram apresentadas no Brasil e na Itália.

O espetáculo é baseado em uma pesquisa sobre a vida e a obra do médico e astrólogo francês batizado como Michel de Nostredame, que viveu no século 16 e é conhecido por suas famosas profecias. “Nostradamus falava de coisas estranhíssimas para a época. Ele dizia que essas previsões só seriam compreendidas quando fossem realizadas. Eu mesmo coloquei algumas dessas visões do futuro na peça e elas só se cumpriram anos depois”, afirma o dramaturgo.

Outro texto de Doc Comparato que está sendo montado na capital pernambucana é o inédito “Jamais ou Calabar”, que gira em torno da figura de Domingos Fernandes Calabar, senhor de engenho aliado dos holandeses que invadiram o Nordeste do Brasil.

A encenação está sendo dirigida pelo renomado diretor goiano Jorge Farjalla, com Lucélia Santos, Petrônio Gontijo, Allan Souza Lima e outros nomes do elenco. O projeto é uma realização da Art&Sonho Produções, de Andréa Cohim e André George Medeiros, que foram os organizadores do seminário ministrado pelo autor.

Responsável pelo roteiro de séries televisivas como “Mulher” (1998), “Lampião e Maria Bonita” (1982) e “Plantão de Polícia” (1979), Doc comemora o fato de ter tantos trabalhos seus encenados no Recife. “Visitei a cidade algumas vezes, mas nunca imaginei que seria o lugar onde começaria as celebrações das minhas quatro décadas de carreira”, finaliza.