"Marim Dos Caetés"
Aproveito o ensejo das comemorações pelos 488 anos de nossa Olinda, a “Marim Dos Caetés”, para prestar minha particular homenagem à tão formosa Vila, protagonista de grandes passagens de nossa história, colecionadora de títulos, que nos enchem de orgulho, como pernambucanos e brasileiros. Tive o privilégio de residir na antiga Rua Nova, hoje Bispo Coutinho, no Alto da Sé, exatamente no local de onde extasiado com a vista deslumbrante, descortinando estrategicamente o oceano de Norte a Sul, vendo ao longe o “Arrecife dos Corais”, que viraria mais tarde a cidade de Recife, o Donatário Duarte Coelho Pereira, batizou a bela colina com a famosa expressão, “Ó linda situação para erigir uma vila!”. Foi lá que em 1535 ele escolheu com sua esposa Dona Brites de Albuquerque, ancestral de nossa família, o local para sediar a torre fortificada de sua residência, ao lado da catedral de São Salvador a Igreja da Sé, ponto de partida para a épica jornada de fundação da “Nova Lusitânia”, como ele denominou sua capitania, que desde os seus primórdios elegeu o açúcar, como principal elemento de colonização, iguaria mágica, nos seus irradiantes efeitos, econômicos, sociais, estratégicos, importante mas também perigoso, pela cobiça que despertou nos invasores, com fenômeno de inusitada longevidade, que desde a primeira iniciativa de produção no Engenho Nossa Senhora da Ajuda, tocado pelo seu cunhado Jerônimo de Albuquerque nos arredores de Olinda, insistindo na sua multissecular presença até os dias de hoje, como o principal produto de Pernambuco. O Brasil desde sempre tem uma dívida de gratidão com Olinda, muito mais importante do que os títulos que ela recebeu, tais como a “Mãe da República”, cantada em prosa e verso pelo cancioneiro, Olinda gestou no Seminário do Alto da Sé, à chamada “Revolução dos Padres” a Revolução de 1817, o Primeiro Grito de República do Brasil pelo Sargento-Mor Bernardo Vieira de Melo em 1710, antes mesmo da Revolução Francesca e da Independência americana. A casa de meus pais no Alto da Sé, tendo a frente o observatório meteorológico e nos fundos o “Horto Del Rei”, hoje sítio dos Manguinhos, construída em 1753 por senador de Olinda, teve como seu primeiro morador o Bispo português Dom Xavier Aranha, que nela residiu durante quinze anos, vez que o palácio eclesiástico não se encontrava em condições de acomodá-lo com seu séquito, foi quartel, escola, maternidade, residência do escritor pernambucano Mario Sette, que nela ambientou seu romance “O Palanquim Dourado”, foi em vários períodos reduto predileto de ilustre e frequente hóspede, grande amigo de meu pai, o Embaixador e empresário das comunicações Assis Chateaubriand, fundador do Museu de Arte de Olinda, onde funcionava a antiga cadeia da cidade. Olinda, “Patrimônio Cultural da Humanidade”, continua pontificando ao longo dos séculos, resistindo, depois de invadida, estuprada, incendiada, ressuscitou, até mesmo ao som dos clarins de Momo, sediando um dos mais destacados carnavais do Brasil, - “Olinda! Quero cantar a ti esta canção, teus coqueirais, o teu sol, o teu mar, faz vibrar meu coração, de amor a sonhar, minha Olinda sem igual, salve o teu Carnaval! Por tudo isso, na condição de súdito de Olinda, renovo a expressão, acrescentando orgulhoso sentimento de pertencimento, à nossa Olinda, Ó linda cidade do Brasil!
*consultor de empresa mgmaranhao@gmail.com