Festival impulsiona negócios de hamburguerias
Muitos empresários entraram no segmento durante a pandemia
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam que as vendas de hambúrgueres cresceram 140% entre março de 2020 e março de 2021 no País. É bem verdade que o processo de isolamento causado pela pandemia Covid-19 foi um dos motores dessa impulsão. No Recife, existem, atualmente, cerca de mil hamburguerias na Região Metropolitana. Os dados são da Quantum Pão, uma das maiores fábrica de pães do Nordeste. A comercialização já chega a dois milhões de burgers artesanais por mês na capital pernambucana.
De acordo também com a Quantum, as hamburguerias têm, em média, cinco funcionários, gerando 5 mil empregos diretos. Alef Braga, 29 anos, é um desses empreendedores que viram o crescimento do mercado. Ele decidiu abrir sua loja física no bairro de Jardim São Paulo, zona oeste do Recife.
No entanto, a Braga Burguer e Petiscos encontrou dificuldades para construir a clientela. "As pessoas encontram na loja os mesmos hambúrgueres que compram pelo aplicativo. Então, a gente tem nossos clientes, mas precisávamos ampliar o serviço e ter um diferencial para tê-los em nossa casa", disse.
Festival
O empresário encontrou num evento tradicional na cidade a mola propulsora do seu negócio. É o Festival Recife Love Burger que estimula as hamburguerias a criarem um novo burger, fora cardápio tradicional, com o objetivo de atrair novos clientes.
O festival começou no dia 14 de abril e vai até o próximo domingo, 14 de maio. Durante o período, as 30 casas inscritas no festival abriram suas portas para proporcionar ao público um mergulho no mundo gastronômico, tamanhas são as novidades criadas e oferecidas pelas hamburguerias.
Um dos critérios para participar do festival é preparar um novo hambúrguer e batata frita recheados de sabor e criatividade especialmente para o evento. O setor de hamburguerias movimenta cerca de R$ 80 milhões por mês na cidade. "A movimentação das hamburguerias durante o festival nos deixa felizes, pois é resultado do sucesso do trabalho", conta Júlio Samico, que produz o evento.
Durante um mês, o público visita a casa e, através do QR Code, vota no estabelecimento preferido, atendendo os quesitos de hambúrguer, batatinha, atendimento e higiene. Ao final, será divulgado o ranking das dez melhores casas da cidade.
Em 2021, Alef Braga participou do festival quando a casa só tinha oito meses de existência. E colheu frutos. "No ano passado, vendemos 584 combos produzidos exclusivamente para o festival. E, agora, já chegamos a 400 vendas. Nosso público aumenta cerca de 35% no período do festival", garante.
Delivery
Quem viveu uma situação semelhante foi o empresário Luiz Douglas, proprietário da Boi Bread Burguer, localizada em Boa Viagem, zona sul do Recife. Segundo Luiz, 80% da clientela era oriunda do serviço de delivery. A movimentação na loja acontecia de forma mais intensa nos finais de semana.
Mas ao ingressar no Festival Love Burger, o jogo virou. "Hoje, temos 60% da clientela indo à nossa casa. O Festival nos ajudou a divulgar mais os nossos produtos como um todo. A repercussão é muito boa e importante para a gente continuar criando", disse Luiz Douglas, destacando que comercializa cerca de três mil hamburgueres por mês.
Maysa de Azevedo, proprietária do Buzina Burguer e Comedoria, localizado no bairro das Graças, zona norte do Recife, também comemorou muito o sucesso da casa sendo impulsionada pelo festival. Na primeira vez em que participou, viu a frequência de pessoas subir 40%.
“Até hoje recebo pessoas que conheceram nossa casa por conta do festival. Portanto, participar desta edição será uma nova oportunidade para as pessoas conhecerem o Buzina Burguer, além de inserir nossa casa no circuito gastronômico do Recife. A gente ganha notoriedade, porque é um Festivalde muita seriedade e eu estou contando em repetir o resultado superpositivo para essa nova edição”, destaca Maysa.
Casas veteranas também buscaram o Love Burger para reacender o seu negócio. É o caso da hamburgueria Vila Torre, do empresário Leonardo Melo. A casa surgiu em 2007 e viveu, assim como outros estabelecimentos, uma crise imensa.
O festival foi a válvula de escape para mexer com a criatividade, buscar saídas para atrair clientes. "Nesse momento de 'pós-pandemia", foi muito importante para a casa participar dessa ação para impulsionar a nossa divulgação. A gente se reinventou, trazendo algo novo para os clientes. Tivemos um aumento de clientes variando entre os 15% e 20%. Uma marca muito boa para a Vila Torre", comemora.