Muitas histórias e gerações sob a lona do Le Cirque Amar
Circo que inicia temporada nesta quinta-feira no Pina vem de uma família com mais de 150 anos de tradição e reúne artistas de vários países
Há mais de 150 anos, os Stevanovich vivem inteiramente para o circo e do circo. De origem iugoslava e francesa, a família começou se apresentando por toda a Europa, como um grupo de saltimbancos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, por causa da perseguição nazista, fugiram para a América do Sul. Hoje em dia, no Brasil, eles são donos da companhia Le Cirque, fundada durante um período na França, em 1999, e que possui duas unidades. Uma delas é o Le Cirque Amar, que estreia no Recife nesta quinta-feira (11), às 20h30, na avenida Boa Viagem, Pina, no terreno ao lado do restaurante Boi e Brasa.
"No total, são 104 pessoas empenhadas em levar nosso espetáculo às mais variadas cidades do País. Para isso, contamos com uma grande estrutura, com 38 carretas e cerca de 250 toneladas de equipamentos.
No elenco, há 32 artistas vindos de países como Mongólia, Rússia, Espanha, México, França, Alemanha, Austrália, Portugal e Argentina", afirma Robert Stevanovich, um dos diretores da trupe. "Eu faço parte da quarta geração da família. Minha esposa, filhos e netos me acompanham nas viagens e todos exercem alguma função no circo", conta. É essa base familiar que garante a continuidade do legado.
Filho do meio de Robert, Bryan, de 24 anos, tem como missão garantir que a arte de seus antepassados sobreviva aos tempos atuais. "Hoje em dia, os adolescentes têm acesso a qualquer show por meio da internet. O circo precisa se modernizar. Precisamos trazer novidades, sem perder a essência. Nós apostamos na adrenalina. Temos um número freestyle de motocross, com motos que voam por cima da plateia, chegando a 20 metros de altura", afirma o artista, que participa da apresentação no globo da morte.
Rotina
Além das performances arriscadas, a rotina dos artistas circenses também desperta a curiosidade do público. Itinerantes, as companhias não costumam ficar em um mesmo local por muito tempo.
"Quem nasce no circo, acaba se acostumando com isso. Quando ficamos parados na mesma cidade por muito tempo, já sentimos vontade de viajar novamente", conta o acrobata Bobi Zolboo, 25, nascido numa família circense da Mongólia.
As mudanças constantes, no entanto, nem sempre são sinônimo de desconforto. No Le Cirque Amar, durante as temporadas, os artistas contratados se hospedam em grandes hotéis, enquanto o restante da equipe fica instalado em trailers equipados com quartos, cozinhas, banheiros, salas de estar, acesso a internet e aparelhos tecnológicos.
Graças a uma lei federal aprovada em 2012, as escolas públicas brasileiras são obrigadas a matricular crianças que vivem no circo. "Temos 16 crianças com a gente. Na parte da manhã, elas vão ao colégio. Na parte da tarde, estudam as técnicas do circo, acompanhados por um trio de professores russos", revela Bryan.
Para a australiana Charlleny Campello, 29, a vida de quem vive na lona não é diferente da de qualquer outra pessoa. "Meus primeiros treinos começaram aos três anos. Aprendi todas as artes, mas o contorcionismo foi a que mais me encantou. Faço o que gosto e quero permanecer assim para sempre", defende.
Para o argentino Celso Stevanovich, 54, trabalhar na lona é também uma diversão. "O mais gratificante é perceber o sorriso no rosto das pessoas. É para isso que trabalhamos", diz o intérprete do palhaço Matraca.
Serviço:
Circo Le Cirque Amar
De terça a sexta-feira, às 20h30, e nos sábados, domingos e feriados, às 15h30, 18h e 20h30
Avenida Boa Viagem, Pina - ao lado do restaurante Boi e Brasa
De R$ 20 a R$ 60
Informações: (81) 99918-7578