BILHÕES

Ex-dono do Chelsea, Abramovich escondeu fortuna de R$ 4 bilhões em paraísos fiscais

Oligarca fez essa e outras transações antes da invasão russa à Ucrânia

Roman Abramovich, atual dono do Chelsea - Ben Stansall / AFP

O ex-dono do time de futebol Chelsea, Roman Abramovich, teria escondido grande parte da sua fortuna em paraísos fiscais antes da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, para protegê-la das sanções retaliatórias.

Nesta quarta-feira (17), a imprensa europeia divulgou que o oligarca desviou cerca de 760 milhões de libras — o equivalente a mais de R$ 4 bilhões — para onze contas bancárias abertas em territórios com menor tributação.

Abramovich conseguiu escapar das sanções impostas aos mais ricos da Rússia por conquistar nacionalidade portuguesa há cerca de dois anos, em um processo de naturalização concedido pela Lei da Nacionalidade a descendentes de judeus das comunidades tradicionais da Península Ibérica.

Segundo o jornal português Público, o processo é investigado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, e os efeitos dos desvios ainda não são conhecidos.

Em janeiro deste ano, foi descoberto que Abramovich também tentou proteger a fortuna transferindo bilhões de dólares para seus filhos. Segundo documentos obtidos pelo jornal britânico The Guardian, “no início de fevereiro de 2022”, poucas semanas antes da ofensiva, dez trustes foram rapidamente reorganizados em benefício de Abramovich.
 

“Estas modificações tornaram os sete filhos de Abramovich, o mais novo deles com 9 anos, beneficiários de bens depositados nestes trusts por um valor de pelo menos 4 bilhões de dólares”, acrescenta o jornal, que especifica que a reorganização não foi ilegal.

Esses ativos incluem imóveis, iates, helicópteros e jatos particulares. Com isso, seria difícil para as autoridades apreendê-los ou congelá-los, já que os filhos do oligarca não são afetados pelas sanções, embora possam tentar mostrar que o bilionário é quem realmente os controla.

Os documentos obtidos pelo The Guardian viriam da invasão de uma instituição financeira que administra os fundos de Abramovich no Chipre, segundo o jornal. A União Europeia e o Reino Unido incluíram o oligarca na lista de pessoas sancionadas por sua proximidade com o regime de Moscou em março de 2022.

Mas não foi sancionado pelos Estados Unidos, que foi duramente criticado pelo adversário do Kremlin, Alexei Navalny, atualmente na prisão, observando que algumas de suas empresas “continuam fornecendo metal ao Ministério da Defesa russo”. Em junho, os Estados Unidos apreenderam dois aviões pertencentes a Abramovich por suspeita de terem sido usados em violação das sanções impostas ao seu país.

Em setembro, o oligarca teria participado da libertação de cinco britânicos capturados na Ucrânia, segundo depoimento de um deles, que disse que Abramovich estava presente no avião em que deixaram a Rússia.