Josias Teófilo: “saída é perseguição”
Diretor de filme sobre o filósofo Olavo de Carvalho diz que objetivo dos cineastas que retiraram seus filmes do CinePE é constranger as pessoas que pretendem colocar o filme dele em cartaz
Josias Teófilo, diretor do longa “O jardim das aflições”, classifica a saída dos cineastas do Cine PE como perseguição. “Eles querem que o filme não seja visto, querem causar o caos. O objetivo é muito claro: constranger as pessoas que pretendem colocar o filme em cartaz. É uma ditadura”, reclama o cineasta, que conversou com a Folha de Pernambuco, por telefone.
Na quarta-feira (10), sete cineastas retiraram seus filmes da programação do festival CinePE alegando que não querem estar atrelados a uma programação que "favorece um discurso partidário alinhado à direita conservadora e grupos que compactuaram e financiaram o golpe ao Estado democrático de direito ocorrido no Brasil em 2016". No dia seguinte, o festival anunciou o adiamento indeterminado de sua edição de 2017, marcada para este mês de maio.
O documentário de Josias aborda a biografia do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho, conhecido por suas opiniões polêmicas e seu posicionamento político alinhado à direita. “Antes mesmo de começar a produzir o filme, já imaginava esse tipo de reação. No Brasil, você pode ser de esquerda, PSOL ou PSB, mas se for conservador não é ouvido”, lamenta o diretor. O longa-metragem dirigido por Josias estreia no dia 31 de maio, em quatro capitais brasileiras: São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
Para Bruno Torres, um dos curadores do Cine PE, a seleção de “O jardim das aflições” corresponde ao interesse do festival em apresentar obras inéditas e de qualidade. “Uma coisa é Olavo, filósofo de direita, taxado de fascista. Não comungo com as ideias dele. Mas as pessoas vão ver isso, as qualidades técnicas e narrativas (do filme). Eu entendo que o festival tenha colocado esse filme. Mas não estava na minha lista de escolhas pessoais”, ressalta.