Petrobras diz que petroquímica é estratégica, mas evita revelar se aceita oferta pela Braskem
Após nova oferta pelo controle da Braskem vir a público, petroleira, que é sócia da companhia, diz que não tomou qualquer decisão sobre sua participação no negócio
Após surgir uma nova oferta pela Braskem, a gigante da indústria petroquímica controlada pela Novonor, a antiga Odebrecht, a Petrobras informou, nesta terça-feira, dia 13, que sua “atuação no setor petroquímico é um dos elementos estratégicos” de seu Plano Estratégico 2024-2028, no qual define prioridades de investimentos.
Mesmo assim, a estatal evitou se posicionar a favor ou contra a nova proposta, feita pela petroquímica Unipar e anunciada no último sábado.
“A Petrobras está desenvolvendo análises para definição da melhor alternativa de execução de sua estratégia, não havendo qualquer decisão da Diretoria Executiva ou do Conselho de Administração em relação ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na Braskem”, diz um comunicado ao mercado divulgado pela Petrobras no fim da tarde, após o fechamento da Bolsa, nesta terça-feira.
A Braskem é líder no mercado de resinas termoplásticas (polietileno, polipropileno e PVC) das Américas, enquanto a Unipar vem na segunda colocação na produção de PVC na América do Sul, sendo a principal produtora de cloro e soda na região.
Com a operação, a Unipar assumiria a posição de gigante global do setor petroquímico, avaliaram analistas, ao comentar a nova oferta na segunda-feira, dia 12. Os insumos produzidos pela indústria petroquímica são essenciais para uma série de produtos, com destaque para os plásticos em geral.
No primeiro pregão na Bolsa após a nova proposta vir a público, as ações da Braskem e da Unipar subiram. A Novonor avalia ainda outra proposta pela sua participação na empresa, feita em maio, conjuntamente, pela empresa de participações americana Apollo Global Management e pela Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a estatal de petróleo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
A Petrobras é sócia da Braskem, com 36,1% no capital total. Conforme acordo de acionistas, a estatal tem a preferência de comprar a fatia da Novonor, no caso de uma proposta de venda ser aceita pela ex-Odebrecht. A petroleira também tem o direito de vender sua participação a esse comprador, pelas mesmas condições oferecidas ao sócio controlador.
Posição da Petrobras é chave
Por isso, a posição da Petrobras sobre os rumos da Braskem é chave. Até o governo de Jair Bolsonaro, a gestão da estatal levava adiante um plano de desinvestimentos que incluía se desfazer da fatia na Braskem, um negócio que não é diretamente ligado à exploração e produção de petróleo. No governo do PT, a nova gestão da estatal tem sinalizado a intenção de interromper a venda de ativos.
O comunicado desta terça-feira, dia 13, reforça essa sinalização. “A companhia esclarece que decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis. Fatos julgados relevantes sobre o tema serão tempestivamente divulgados ao mercado”, diz o texto divulgado pela Petrobras.
Em nota enviada ao GLOBO na segunda-feira, a Unipar ressaltou que, pela estrutura proposta por ela, “a Petrobras continua sócia do negócio, com a mesma participação que tem hoje” na Braskem.