CPI do 8 de janeiro

Presidente da CPI diz que Lawand "faltou com a verdade", mas pede dica a Moro e nega prisão

Arthur Maia declarou que intimamente considera que militar mentiu, mas diz que não pode provar isso de forma material

Presidente da CPI dos Ataques Golpistas, deputado Arthur Maia - Lula Marques/Agência Brasil

O presidente da CPI do 8 de janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), criticou o coronel Jean Lawand Júnior e disse que a versão dada pelo militar na sessão de hoje da comissão não é a verdade. Mentir em uma CPI na condição de testemunha pode acarretar em prisão. Apesar da crítica, o deputado evitou tomar a medida de prender Lawand.

– Quero dizer que essa para mim foi a reunião mais difícil como presidente dessa CPMI. Mais difícil, coronel, porque intimamente eu acho que o senhor faltou com a verdade. Intimamente foi o sentimento que eu tive. Entretanto eu sou um legalista.

O deputado relatou ter procurado o senador Sergio Moro (União-PR) para se aconselhar e decidiu não dar voz de prisão ao militar.

– Fiquei tão incomodado com isso porque a apreciação de provas requer um treinamento que eu não tive. Fiz questão de me levantar dessa cadeira e chamar o único que teve esse tipo de treinamento aqui na comissão, o ex-juíz e hoje senador Sergio Moro. E ele revelou uma interpretação igual a minha, a de que de fato o senhor estava naquele momento respondendo para não se incriminar e que eu não poderia interpretar aquilo apenas por uma suposição – disse.

Maia se justificou a decisão por avaliar que não tem provas materiais de que Lawand estaria mentindo.

– Uma coisa é você dizer que alguém falta com a verdade se você, por exemplo, diz que não esteve Praça dos Três Poderes no dia 8 e aparece uma filmagem objetiva mostrando o senhor. Certamente eu teria uma prova material para comprovar que se tratava de uma mentira. Outra coisa, entretanto, é quando o senhor interpreta aquilo que eu senhor escreveu e o senhor traz uma interpretação, que por mais desconexa que possa parecer, e é, eu não posso de maneira material afirmar que o senhor está mentindo.

Autor de mensagens com teor golpista contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em um diálogo com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lawand negou ter pregado um golpe.

De acordo com ele, ao mandar as mensagens para Cid a intenção era que Bolsonaro se manifestasse para "apaziguar" os manifestantes bolsonaristas que pediam uma intervenção militar e fazer com que eles saíssem das ruas e dos quartéis, onde estavam protestando.