Sensores e câmeras nos testes práticos do Detran elevam reprovações

Número de candidatos reprovados subiu de 49% para 56,5% no primeiro ano de implantação da telemetria

Carros têm equipamentos que indicam quando candidato comete algum erro durante o teste - Paullo maciel/divulgação

No primeiro ano de implantação da telemetria veicular nos pátios de exames práticos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE), completado neste mês, o número de candidatos reprovados subiu de 49% para 56,5%. Para gestores que vivem o dia a dia do sistema, o resultado deve ser encarado como reflexo do aumento do rigor, que tem como efeito a formação de condutores mais preparados. Com a tecnologia, fraudes e subornos que por anos mancharam a credibilidade do processo de habilitação foram praticamente zerados.

Com o novo sistema, os carros usados nas provas passaram a ser equipados com leitura biométrica, câmeras de alta definição, tablets, microfones e sensores telemétricos. As filmadoras internas registram em áudio e vídeo todas as etapas da prova prática. Também há filmadoras nos pátios. Já com os leitores biométricos, candidato e examinador provam que estão no carro no momento da prova. O rigor se concretizou na checagem das etapas do teste por meio de tablets que ficam com o instrutor. É possível constatar eletronicamente faltas como não afivelar o cinto, colidir na hora da baliza ou desrespeitar a distância de 1,5 metro da bicicleta. Antes, o acompanhamento era só manual, o que dava margem para falhas na avaliação.

Deixar o carro estancar é a falta mais cometida (37,5%). Não dar a seta ao fazer conversões vem depois, com 14,9%. Os dados foram registrados entre 2 de maio de 2016 e o último dia 30. Eles mostram que a categoria B (carro) foi a que teve mais reprovações (64,7%). Entre os 80.105 testes realizados na sede do Detran-PE, 34.830 terminaram com candidatos habilitados, e 45.275, com pessoas consideradas inaptas.

O presidente do Detran-PE, Charles Ribeiro, ressalta que, logo que a telemetria foi implantada, o índice de reprovações era ainda maior. “Tivemos até 62%. Se estamos agora num bom índice, é porque as autoescolas estão ajudando a fornecer candidatos mais bem preparados. Quanto maior o nível da prova, mais você entrega às ruas bons condutores”, avalia, destacando que o modelo inspirou Detrans do Rio Grande do Norte, São Paulo e Pará.

Um dos êxitos do sistema foi a extensão dele às autoescolas, que já contam com câmeras com reconhecimento facial nas salas de aulas e nos locais de treinos práticos. Com a necessidade de fazer biometria dentro dos carros, não há mais como candidatos que aprenderam a dirigir com um parente ou amigo faltarem às aulas. Segundo o presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores, Ygor Valença, o próximo passo é lançar um aplicativo que possibilitará simulações de trânsito.