RIO DE JANEIRO

Parentes pedem justiça na investigação do assassinato do ex-vereador Zico Bacana

Corpo de Jair Barbosa Tavares foi sepultado no cemitério de Irajá. Crime é apurado pela Delegacia de Homicídios da Capital

Ex-vereador Zico Bacana morre após ser baleado na cabeça - Reprodução/Redes Sociais

O corpo ex-vereador e PM reformado Jair Barbosa Tavares, mais conhecido como Zico Bacana, foi enterrado na manhã desta quarta-feira em meio a comoção de parentes e amigos. Ele foi assassinado na última segunda-feira em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, com um tiro na cabeça. Além dele, outros dois homens, entre eles seu irmão, Jorge Barbosa Tavares, foram mortos na ação.

O enterro foi no Cemitério de Irajá, na Zona Norte, e teve a presença do deputado federal Pedro Paulo, ex-secretário de Fazenda, de quem Zico Bacana era amigo. Ainda na segunda-feira, após o anúncio da morte, o político postou nas redes sociais uma foto ao lado do ex-vereador e disse: “Hoje perdi um grande amigo (…) Que triste. Que atrocidade. Espero que esses assassinos sejam, o quanto antes, encontrados, presos e punidos severamente (…)”. O deputado estadual Val Ceasa também esteve na despedida, mas não preferiu não falar com a imprensa.

— Zico era um apaixonado por Guadalupe. Alguém que nasceu e viver a vida toda ali. Que lutava para que ali tivesse dignidade, ruas asfaltadas, árvores podadas e praças bem cuidadas. Uma pessoa família e que vocês estão tendo a oportunidade de ver a quantidade de família. Tinha dez irmãos e foi covardemente vitimado pela violência — afirma Pedro Paulo, que continua:

— Espero que a polícia cumpra seu papel de investigar e saber quem são os culpados de sua morte, e que (eles) sofram todo rigor da lei. Falava comigo todos os dias. Saía para correr e me falava “rua tal está com um buraco”. Nunca comentou sobre as ameaças, mas sabemos que é uma área tensa de conflitos, uma área muito perigosa.
 

Uma funcionária de um projeto criado por Zico Bacana, voltado para a saúde básica, que não quis ser identificada, definiu o ex-vereador como “uma pessoa sem igual”.

— Não media esforços para agradar à família, amigos, funcionários ou o bairro. Falar do Zico é… não tenho palavras. Nós não morávamos no bairro, então não sabíamos de nada das ameaças que falaram. Mas eu o conhecia há 5 anos. Ele sempre queria ajudar sem olhar a quem. Era trabalhador, uma pessoa sem igual. Tentava ajudar de todas as formas. O único vereador que vi fazer de tudo foi ele, sem nem estar no mandato — conta a mulher, que trabalha no projeto Saúde Bacana, desenvolvido para ajudar pessoas que não têm condições de pagar academia.

Josélia, irmã do ex-parlamentar, disse que a família espera que seja feita justiça:

— Meu irmão era um homem íntegro, assim como meu pai. Eu quero a justiça.

Pouco antes do cortejo, uma sobrinha de Zico Bacana afirmou que o tio não tinha qualquer relação com a milícia. Ele foi citado na CPI das Milícias, em 2008, como um dos chefes de grupos paramilitares que atuavam na regão de Guadalupe e Ricardo de Albuquerque, mas nunca foi sequer indiciado.

— Ele foi investigado pela CPI das milícias e não deu em nada. Acha que aqui estaria assim se ele fosse miliciano? — indagou. — Ele foi atingido pelas costas e não deu tempo nem de ver o que aconteceu com ele. Meu tio jorge bebia a cerveja dele na padaria. Ele nunca discutiu com ninguém, nunca pegou uma arma na mão.

No Instituto Médico-Legal (IML), na terça-feira, um amigo da família que não quis se identificar, afirmou que traficantes colocaram, ao longo dos últimos meses, barricadas cada vez mais perto da casa de Zico como uma forma de deixar as pessoas mais e mais acuadas.

A sobrinha do ex-político contou também que o tio sofria ameaças por chamar a polícia para fazer rondas na área.

— Eu tive que sair de casa com a minha família porque os bandidos foram na minha porta. Ontem (segunda-feira) mataram eles covardemente, mas ele sofria ameaça todo dia. Falavam que iam arrancar a cabeça dele. E meu pai não era da política — disse Joyce.

As mortes de Zico Bacana, de Jorge e do garçom Marlon Correia dos Santos são investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).