Dori Caymmi 80 anos: confira um pouco da trajetória do artista carioca
Dorival Tostes Caymmi, mais conhecido como Dori Caymmi, nasceu no Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1943
O compositor, violonista, cantor, produtor e arranjador Dori Caymmi completou 80 anos neste sábado (26). O artista construiu uma trajetória destacada na música brasileira tanto nos seus trabalhos autorias, quanto produzindo álbuns de grandes artistas.
Dorival Tostes Caymmi, mais conhecido como Dori Caymmi, nasceu no Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1943, em uma família de músicos. Filho do compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008) e da cantora mineira Adelaide Tostes Caymmi (1922-2008), conhecida como Stella Maris; irmão da cantora Nana Caymmi e do flautista, cantor e compositor Danilo Caymmi.
Dori residiu por mais de 20 anos em Los Angeles, nos Estados Unidos, para onde mudou-se no final dos anos 1980 mas retornou para o Brasil há alguns anos. Atualmente vive na região serrana de Petrópolis com sua esposa Helena, onde continua compondo e produzindo.
Influências
Além da música de seu pai Dorival, a principal influência de Dori foi o movimento da Bossa Nova. Iniciou seus estudos de piano aos oito anos de idade, sob a tutela de Lúcia Branco e Nise Poggi Obino. Estudou teoria musical no Conservatório Lorenzo Fernandez e, em 1959, fez sua estreia profissional acompanhando ao violão a irmã Nana.
Em 1960, tornou-se membro integrante do Grupo dos Sete (famoso grupo cênico capitaneado por Fernando Torres, em que compunha e executava música incidental para peças teatrais e teleteatros. Co-dirigiu e tocou violão na peça Opinião (1964) e Arena Conta Zumbi (1966), trabalhos de transição estilística entre a Bossa Nova e a moderna MPB. Foi produtor de discos de Edu Lobo, Eumir Deodato e Nara Leão, dentre outros
Produção na música
O primeiro registro fonográfico de Dori como compositor foi "Luiz Eça e Cordas" (1964), do pianista Luizinho Eça, que gravou as canções "Amando" e "Velho Pescador, ambas compostas por Dori.
Sua canção "Saveiros", composta em parceria com Nelson Motta para o I Festival Internacional da Canção (FIC) em 1966 (TV Rio-Rede Globo), foi defendida por Nana Caymmi e sagrou-se a vencedora na disputa contra "O Cavaleiro", de Tuca e Geraldo Vandré. E a parceria com Nelson Motta ainda rendeu sucessos como "O Cantador" e "Minha Doce Namorada".
Seu primeiro LP, "Dory Caymmi" (1972), com produção do maestro Lindolfo Gaya e arranjos do próprio Dori, contou com a participação de músicos como Wagner Tiso, Tavito e Robertinho Silva, ambos da banda Som Imaginário.
Dori arranjou e produziu álbuns de artistas como Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil. Apesar de seu envolvimento com o então nascente movimento do Tropicalismo, ele próprio não compôs nem gravou nada nesse estilo devido a seu distanciamento pessoal da música pop americana, europeia e latina.
Gravou com inúmeros artistas de fama internacional, como Dionne Warwick, Toots Thielemans, Oscar Castro-Neves e Eliane Elias, entre outros.
Para o cinema e a TV, escreveu, arranjou e colaborou em numerosas trilhas sonoras nos anos 70 e 80, com destaque para os filmes “Casa Assassinada” (1971), de Paulo César Saraceni, “Tati, a Garota” (1973), de Bruno Barreto e “O Duelo” (1974), de Paulo Thiago.
Depois de lançar seu álbum e se destacar na carreira, Dori passou a tocar e fazer turnês com o saxofonista americano Paul Winter no início dos anos 70.
Foi também diretor artístico da Rede Globo de Televisão, participando de novelas como “Gabriela”, em 1975, (com sua música “Alegre Menina” incluída na trilha, interpretada pelo então desconhecido Djavan) e “O Casarão” de 1976.
Seu trabalho mais importante, entretanto, foi a direção musical do seriado “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, para o qual contribuiu com diversos arranjos e composições. Ele sempre foi ligado à literatura brasileira (seu pai foi amigo e parceiro de Jorge Amado), o que influenciou na escolha por esses trabalhos.
Carreira internacional
Em 1989, após realizar uma série de projetos e arranjos com Sergio Mendes, Dori passa a morar em Los Angeles, nos Estados Unidos. A empresa de Quincy Jones, a Quest Records, produziu alguns dos CDs do artista.
Dori Caymmi teve dois de seus CDs nomeados para o Grammy: Influências e Contemporâneos, além de ter conquistado dois Grammies latinos, de melhor CD de samba Para Caymmi 90 Anos e de melhor canção brasileira "Saudade de Amar", em parceria com Paulo César Pinheiro.
Lançou em 2018, álbum com os amigos Edu Lobo e Marcos Valle comemorando 50 anos da amizade entre os três.
Dori participou de diversos projetos nos últimos anos, além dos discos em homenagem ao pai Dorival Caymmi,gravou com nomes como Olivia Hime, Joyce Moreno, Sérgio Ricardo, Wanda Sá, entre outros. Dori também escreveu arranjos nos mais recentes discos de Carlos Lyra e Nana Caymmi, ambos lançados em 2019.
O artista ainda tem vários projetos para este ano. Entre eles, o lançamento do álbum Sonetos sentimentais para violão e orquestra (sonetos de Paulo César Pinheiro), um songbook no qual mostra sua forma de tocar e um álbum de inéditas com a participação de MPB4, Mônica Salmaso, João Cavalcanti, Renato Braz e Joyce Moreno.
Discografia
1972 Dory Caymmi - Odeon
1988 Dory Caymmi - Elektra
1990 Brazilian Serenata - WEA
1996 Tome conta de meu filho, que eu também já fui do mar... - EMI Music
2001 Influências - nomeação ao Grammy - Universal Music
2002 Contemporâneos - nomeação ao Grammy - Horipro Inc./Universal Music
2014 Setenta Anos
2015 Foru 4 Tiradente na Conjuração Baiana
2016 Voz de Mágoa
2018 Edu Dori e Marcos com Marcos Valle e Edu Lobo (Biscoito Fino)
2004 Para Caymmi 90 Anos - vencedor de melhor álbum de samba do Grammy Latino - Warner Music
2006 Rio-Bahia - com a cantora Joyce - Biscoito Fino
2013 Caymmi - com os irmãos Nana Caymmi e Danilo Caymmi (indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira de 2014.[1]) - Som Livre
Referências