De volta às novelas, Lázaro Ramos retoma seu lado cômico ao reviver o atrapalhado Mário Fofoca
"Elas por Elas" passa na Globo de segunda a sábado, às 18h30
O icônico Mária Fofoca é um desses personagens míticos da teledramaturgia, que depois de aparecer na versão original de “Elas por Elas” ganhou filme e seriado. Ao receber o convite para viver o atrapalhado detetive no remake da novela de 1982, Lázaro Ramos já tinha bastante intimidade e conhecimento sobre o personagem criado por Cassiano Gabus Mendes. Além de toda a memória afetiva do papel, o ator havia tido contato com o trabalho do saudoso Luis Gustavo ainda em sua estreia nos folhetins, quando viveu o divertido Foguinho, de “Cobras & Lagartos”. “É engraçado porque é um personagem que conheço bem. Quando fui construir o Foguinho, eu estudei personagens masculinos fortes. Então, o Mário Fofoca foi uma grande referência para mim. Fiquei animadíssimo com o convite. É um personagem com uma métrica teatral muito boa. Volto exausto pra casa, mas feliz”, vibra
Na história adaptada por Thereza Falcão e Alessandro Marson, Mário Fofoca é um detetive super atrapalhado. É contratado por Lara, papel de Deborah Secco, para investigar quem era a amante de Átila, de Sergio Guizé. Apesar do jeito desligado, vai acabar descobrindo, sem querer, pistas do segredo do falecido. “É um personagem que estou defendendo com unhas e dentes. As pessoas falam que ele não é esperto, não tem foco. Eu não acho nada disso. Ele gosta tanto de investigar que pega o caminho mais longo da investigação (risos)”, defende.
Em 2021, você deixou a Globo após 17 anos como contratado e, logo em seguida, anunciou um acordo de exclusividade com a Amazon Prime Vídeo. Como surgiu a oportunidade para retornar à emissora neste momento?
Inicialmente, eu fiquei sabendo pela imprensa que teria o remake e que meu nome estava cotado para fazer o Mário Fofoca. Fiquei pensando: “nossa, será que eu conseguiria fazer esse papel?”. Então, fui relembrar o personagem e eu vi que iria ser muito feliz fazendo. Logo depois, o Alessandro Marson me ligou e falou que tinha um convite inusitado para mim. Não vou mentir, mas tive certo receio de aceitar no começo.
Por quê?
Eu pensei em negar por um motivo. No passado, eu tinha um receio de fazer personagens que já haviam sido de outros atores. Não era medo da comparação, sabe? Mas algo mais relacionado com a questão da memória afetiva. O Guel (Arraes) me chamou para fazer o Zeca Diabo no “Bem-Amado”. Falei com o Guel que eu tinha uma memória muito forte do personagem. O Mário Fofoca foi diferente. Gosto desse tipo de humor. É o lugar do lúdico que gosto de fazer e pesquisar. Tem a ver com meu tipo de humor. Não à toa, “Ó Paí, Ó”, “Misteu Brau” e o Foguinho habitam nesse mesmo lugar.
Como foi seu trabalho de pesquisa para viver o Mário Fofoca?
É engraçado porque é um personagem que eu conheço bastante. Minha primeira novela foi “Cobras & Lagartos”. Quando fui construir o Foguinho, eu estudei personagens masculinos fortes. Então, o Mário Fofoca foi uma grande referência para mim. Eu tinha uma grande admiração pelo Luis Gustavo. Queria muito tê-lo conhecido.
No entanto, o remake é uma releitura da obra original e terá uma série de mudanças ao longo dos capítulos. Você teve algum cuidado para compor uma versão mais moderna do Mário Fofoca?
Sim, tenho um pouco da sensação de que estamos começando de novo. É um personagem que já nasceu com o talento de ter várias reencarnações. Tanto que o Luis Gustavo o viveu em outras obras. Eu mirei bastante no Luis Gustavo, mas também busquei focar nessa tônica do detetive atrapalhado. Não paro de assistir a filmes e séries que brincam com esse gênero delicioso. Quis também mergulhar nas novas provocações do texto. É um novo texto e um novo momento em que a novela está inserida.
Sua última novela havia sido “Geração Brasil”, que foi ao ar há quase 10 anos. Estava com saudade do gênero?
Eu gosto muito de novela. Mas fiquei quatro anos no “Mister Brau”, dirigi o “Medida Provisória” e o “Falas Negras” e fiz o “Amor e Sorte”. Estava muito nos seriados. Essa novela me chama demais a atenção por estar centrada no jogo cênico dos atores. Me remete muito ao teatro. A gente está sempre em movimento. Não tem cena sendo jogada fora. Está sendo um trabalho exaustivo.
De que forma?
É um exercício físico. Gravo, em média, de 16 a 20 cenas por dia. Na minha última novela, eu tinha 35 anos. Agora tenho 44. Eu era mais novo e mais saudável (risos). Isso faz a diferença. Já comecei a mudar minha rotina por causa da novela. Há uma exigência de saúde. Não estava tendo fôlego. Então, readequei minha alimentação, voltei a andar de bicicleta e voltei para o boxe. É uma maratona novela.
O seu contrato com a Amazon Prime Vídeo é de três anos. Como funcionou essa negociação com a plataforma de streaming para integrar o elenco da novela?
Estou em uma pausa do contrato com a Amazon. Encontramos essa brecha e firmamos um acordo muito legal para fazer a novela. Sempre tive esse canal de comunicação bem aberto com todas as empresas que trabalhei. Sou baiano, né? Sou simpático! Tenho lábia (risos). Estou brincando, mas é a única forma que sei trabalhar na verdade.
Como assim?
Somos todos amigos, vou na minha baianidade e na amizade. A vida é isso. A vida fica mais fácil assim. Minha carreira sempre foi construída assim, né? Na comunicação e na conversa. Faço piada, mas as pessoas que me conhecem sabem que meu jeito de trabalhar é no afeto. Com toda a responsabilidade, claro, mas no afeto e na conversa. Sempre fui assim e acho que nem sei trabalhar de outra forma.