A escola da vida e seu mestre chamado tempo (Parte 1)
O título deste texto é mais uma das lições que extraio da sabedoria e longevidade, tão bem exercidas por ninguém menos que Cora Coralina. A mesma autora que também nos presenteou com outra lição simples e singela, como ela sempre foi: "de que o valor da vida não está no ponto de partida e sim na caminhada." Nesse ritmo, com uma dose da excelência do tempo e outra da trajetória que tem pautado minha própria vida, atrevo-me em expô-las aqui, pública e abertamente.
Diante dessa firme decisão, o leitor assíduo ou casual poderia indagar: qual é o real interesse disso? De modo despretensioso, quero apenas me colocar num jeito diferente nesse mundo hoje tão desumano, que tem-se ordenado às custas de ódios e "apartheids". Por isso, ouso aqui em me colocar como alguém que precisa ser e agir diferente. Afinal, como se depura de uma frase de Oscar Wilde: "até que somos todos iguais, embora muitos de nós só olhem para as estrelas".
Envolvido por essa constatação, ou melhor, tão veríssimo quanto esse argumento (igual ao sobrenome do nosso extraordinário autor Luís Fernando), é enfatizar tamanha incredulidade, numa frase que bem sintetiza o contexto atual: "O mundo não é tão ruim assim, apenas está mal frequentado." Infelizmente, o mestre chamado tempo tem dado provas disso.
Volto, assim, ao início da minha exposição, acolhido pela humildade de compartilhar um texto, cuja extensão de sua essência irá me permitir dar os passos em duas partes. Dito isso, quero ainda que os leitores percebam que eu mesmo, eles próprios e todos os demais ditos humanos, vivemos às custas de implacáveis contradições. E que, por elas existirem, nosso maior desafio é saber entendê-las e enfrentá-las, de modo pacífico e harmônico. Cabível aos princípios de uma humanização que nos distingue entre todos seres universais. Farei esse esforço, de um jeito ordenado.
No bojo das contradições naturais, prefiro enaltecer as "mil e uma" oportunidades que a vida me reservou e, ainda, tem-me proporcionado, nesses quase 63 anos de trajetória. "Tenho fome da extensão do tempo, de modo tal que quero ser eu e sem condições". Assim sigo, amparado nessas palavras inspiradoras que vêm da impecavel poesia de Fernando Pessoa.
Faço-me valer dessa referência, mesmo que seja da nossa "cultura", perceber que a maestria do tempo, ainda faz com que alguns nos condene a uma velhice passiva e inoperante. Afinal, vive-se um tempo paralelo, de retóricas, gestos e ações de profundo preconceito, tratado agora como a patologia social do "etarismo".
O cerne da questão é que me sinto estimulado para o desafio futuro, com base nas boas experiências que vivi e aqui quero contá-las. Tenho-me com uma sentença do tempo nas mãos, algo que julgo ser um verdadeiro privilégio. O registro é grande e tem lá seu valores e simbolismos, nos feitos e contatos. Penso que valha à pena minha disposição.
Os principais detalhes relativos às experiências com tantas convivências relevantes, prometo que ficarão para a próxima etapa do texto. De Chateuabriand aos políticos, dos artistas ao Rei Pelé, creio que muito aprendi e, desse modo tão meu, terei boas histórias por contar.
*Economista e colunista da Folha de Pernambuco
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