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Após vendas fracas, Nike anuncia cortes de custos e de empregos

Com economia, gigante do vestuário esportivo prevê aumento da receita anual em cerca de 1%

Ações da Nike caíram após anúncio de redução de gastos - Cameron Browne / NBAE / Getty Images / Getty Images via AFP

A Nike anunciou uma redução de custos e corte de empregos em resposta às vendas mais fracas. Após o comunicado, não só as ações da empresa caíram, como também afetou as varejistas de roupas esportivas e marcas rivais.

As ações da Nike chegaram a cair até 12% na manhã desta sexta-feira (22) nas em Nova York, após rebaixamentos dos analistas. Dick's Sporting Goods e Lululemon Athleta também caíram. Nas negociações de Frankfurt, a Adidas AG caiu até 6,6%, com a Puma SE caindo até 6,9%, uma vez que os investidores temiam uma desaceleração semelhante nas vendas em todo o setor.

A Nike disse que está buscando até US$ 2 bilhões em economias de custos, demitindo trabalhadores e simplificando a linha de produtos da empresa de tênis em meio a uma perspectiva de vendas mais fracas na China e em todo o mundo.

O diretor financeiro da Nike, Matt Friend, disse na teleconferência da empresa que a nova perspectiva reflete “indicações de um comportamento mais cauteloso do consumidor em todo o mundo”. Ele destacou a China e a Europa, o Oriente Médio e a África.

A gigante norte-americana do vestuário esportivo prevê um aumento da receita anual de cerca de 1%, após quedas no trimestre atual e um aumento modesto no trimestre seguinte. A empresa disse que também está vendo níveis mais baixos de crescimento no comércio eletrônico, que tem sido um ponto positivo no setor de varejo.

— Adotamos uma abordagem mais prudente em nosso planejamento para o balanço do ano” — disse o CEO John Donahoe na teleconferência.

Em seu comunicado, a Nike disse que espera incorrer em encargos de reestruturação de US$ 400 milhões a US$ 450 milhões no trimestre atual, “principalmente associados a custos de demissão de funcionários”. Friend disse que a empresa busca eliminar camadas de gestão.

A receita no trimestre foi de US$ 13,4 bilhões, praticamente em linha com a estimativa média dos analistas compilada pela Bloomberg. As vendas na China ficaram abaixo do esperado, enquanto o lucro por ação superou a estimativa de Wall Street.

O desempenho regional contrasta ligeiramente com os rivais da Nike. A Puma citou em outubro uma forte procura na Europa e uma recuperação na China, que compensou um desempenho mais fraco nos EUA no terceiro trimestre.

A Adidas sinalizou em novembro desafios contínuos nos EUA, incluindo altos níveis de estoque, embora tenha recebido um impulso nas vendas de sobras de mercadorias de sua parceria Yeezy com o rapper Ye.

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A Nike busca economia simplificando suas linhas de produtos e, ao mesmo tempo, aumentando a automação e impulsionando a tecnologia.

— Sabemos que num ambiente como este, quando o consumidor está sob pressão e a atividade promocional é maior, é a novidade e a inovação que faz com que o consumidor aja — disse Friend.

As preocupações dos investidores relativamente à China são um foco fundamental para a empresa, no meio dos receios de uma retração nos gastos dos consumidores naquele país. Donahoe disse em setembro que a Nike tinha “grande confiança no futuro e no consumidor chinês em nosso segmento”.

Na quinta-feira, ele reiterou a sua confiança na China, que tem registado um consumo mais lento num contexto de crescente desconforto relativamente às perspectivas económicas do país. “Sentimo-nos muito bem com a nossa posição na China e com a nossa capacidade de competir, e isso não mudou desde há 90 dias”, disse ele.