Para Grace Gianoukas, "o riso é um grande abraço" e o "humor serve para gente se pegar no colo"
Atriz, que esteve em cartaz com a temporada "Nasci Para Ser Dercy" no Recife, tem a arte como aliada de sua empatia
A vontade era de ficar, sentar sem pressa, tomar um café. Mas dali a poucos instantes ia se dar a estreia da temporada no Recife do espetáculo "Nasci Para Ser Dercy", com ingressos esgotados para todas as seis sessões na Caixa Cultural.
Se bem que… quando o "humor serve para gente se pegar no colo" e "o riso é um grande abraço", a prosa flui e o tempo divaga junto.
"Falei pra c*, não foi?", desculpou-se Grace Gianoukas, 60, depois de um bate-papo com a Folha de Pernambuco no camarim, antes de subir ao palco como Dolores Gonçalves Costa, como Dercy e como ela própria.
"(...) subir ao palco todos os dias para mostrar uma Dercy Gonçalves que poucas pessoas conhecem - claro, quem conhece a obra dela, se aprofunda, leu, sabe o potencial e a força dessa mulher e a importância dela - mas às vezes as pessoas vão só para rir e saem surpreendidas", ressalta.
Arte e empatia
Da arte há pelo menos quatro décadas - celebradas em 2021 com o espetáculo "Grace em Revista" - e engraçada por natureza, a atriz gaúcha com ascendência grega queria ser antropóloga para trabalhar "com comunidades indígenas e quilombolas, em lugares em que eu pudesse fazer com que a voz desses lugares ecoasse".
Mas a partir de seu decorrer no curso de Artes Cênicas, ela encontrou as possibilidades de emocionar pessoas e/ou fazer rir.
"Acho que encontrei na arte de interpretar um canal muito interessante e muito ágil, para exercitar a empatia que é um pouco de minha natureza (...) eu vivo, dou ar ao meu corpo, voz e emoções para o público e para uma história que é um jeito de me colocar no mundo, é a minha colaboração", discorre a atriz, complementando com um questionamento.
"É tão supérflua (a arte), né? Mas não é não, é muito importante, é o alívio. O riso por exemplo é um grande abraço. O humor serve para a gente se pegar no colo", discorre.
Casa como refúgio
Criadora do lendário "Terça Insana" - programa de humor criado por ela nos anos 2000, em São Paulo, cuja pegada era menos voltada a piadas fáceis e preconceituosas, para dar espaço à sátira sobre assuntos cotidianos em cenas ocupadas por centenas de artistas e seus personagens - Grace, para além do teatro, ganhou holofotes em papéis televisivos, desde o infantil "Rá-Tim-Bum" na década de 1990 aos mais recentes em "Haja Coração" (2016), "Orgulho e Paixão" (2018) e "Salve-se Quem Puder" (2020), entre outros.
Tudo ao mesmo tempo
E em meio ao espetáculo sobre Dercy, a atriz está também em ritmo de gravações para a próxima novela global do horário das 19h, "Família Tudo".
A prosa com a FolhaPE, inclusive, seguiu com ela já no Rio, entre um intervalo e outro dos compromissos com a nova trama.
"A minha personagem claro, é engraçada", entrega Grace que, viajante, deixa Helena e Bituca, Kronos e Zeus, respectivamente os gatos e cachorros "meio helênicos, meio gregos" que ela cria, à sua espera, em casa, para onde ela (sempre) volta.
"Aos 60 anos, adoro a paz que vem com a idade e gosto da minha casa nesse sentido, e gosto de conhecer o Brasil, adoro esse País, adoro viajar, mas minha casa é meu refúgio", enaltece Grace, que terá um pouco do muito de seu fazer artístico exposto em biografia prevista para ser lançada no próximo ano.
"As coisas vão se apresentando pelo caminho", finaliza, ao ser questionada sobre o que falta/deseja em suas memórias - de vida e de arte - enquanto segue entregando risos e levezas com maestria.