Tradição foi interrompida na teledramaturgia
Atores que se formaram na televisão em Pernambuco tiveram que buscar trabalho em outros estados
A ligação de Pernambuco com a teledramaturgia não vem de hoje. Nos primórdios das transmissões televisivas no Estado, as principais emissoras locais produziam conteúdo ficcional em grande escala. "Só nos seus primeiros três anos de existência, a TV Jornal e a TV Rádio Clube produziram juntas cerca de 40 obras, entre seriados, novelas, peças de teleteatro e humorísticos", conta Jorge José Santana, que dirigiu e escreveu a primeira novela pernambucana, "O ruído do silêncio", transmitida ao vivo.
Carmen Peixoto, que hoje atua como jornalista, foi a estrela de muitas das produções da época. Ao lado de José Pimentel ela protagonizou a novela "A moça do sobrado grande" (1967), sucesso que chegou a ser exibido nacionalmente através da TV Bandeirantes.
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"A televisão pernambucana foi uma escola para muitos atores, como Arlete Salles, José Wilker e Lúcio Mauro. Infelizmente, muitos tiveram que sair daqui e procurar espaço em outros estados", lamenta.
Com a chegada do videoteipe e da transmissão via satélite, as novelas e séries locais foram substituídas por produtos vindos do Sudeste. Em 1995, houve uma retomada nessa produção pela Globo Nordeste, que apresentou especiais como "A promessa de Jeremias", "Caminho de Monte Santo" e "O santo cibernético".
O projeto, no entanto, foi interrompido no final da década. Mais tarde, em 2007, a TV Jornal e o SBT Nordeste tentaram implementar o Polo Nordestino de Teledramaturgia. A ideia era produzir três minisséries para exibir em toda a região, mas só duas saíram do papel: "Santo por acaso" e "Cruzamentos urbanos".