Bloco Carnalesco OS MIJÕES/HEMODIÁLISE
“ Eu vou contar essa história, lá rá lá, vou contar de coração”:
A história do Bloco Os Mijões começa com uma brincadeira levada a sério pelo coronel Edmilson (paciente) e sua esposa, a médica Eudóxia.
Eles deram nome ao Bloco, com toda graça e ironia, em nome do bom humor próprio do Carnaval.
Quem é dialisado verte quase nada, ou nada mesmo.
E ofereceram a sua residência para sede do Bloco e das brincadeiras.
A Dra. Eudóxia é muito jeitosa e organizada, e o estandarte do bloco é de sua inspiração e criação. As camisas também foram confeccionadas por esse querido e exemplar casal.
O fato correu o mundo, virou assunto do momento, sobretudo no meio.
Os participantes, todos os titulares são pacientes do terceiro turno de diálise da clínica Uninefron, casa respeitável e responsável na condução de nossas vidas, dou esse testemunho, dialisado que sou.
Esse mundo de diálise é um mundo misterioso e de sensibilidade à flor da pele, daí o nosso Bloco ser saudado como algo promissor no meio, pois ele carrega o insumo mais importante de todos, a alegria. Sem a alegria, não há esperança e qualquer tratamento fica comprometido.
O grande dia, o marco zero da existência do Bloco, foi a terça feira de Carnaval. Batemos o ponto, o momento foi solene. O local? A linda residência do casal Dra. Eudóxia/coronel Edmilson, em maravilhoso e bucólico bairro recifense.
O ambiente era tão festivo e sincero que avistei a estrela Dalva em sua grandeza e lindeza. Recepção fantástica da família, eu e Meire amamos.
Botelho e Leandra registravam sua satisfação a todo momento. Botelho é um homem de bem ímpar, um guerreiro extraordinário, a certeza de que Deus existe e é misericordioso.
Cleiton é um grande animador de auditório, um cara engraçadíssimo. Vital para nós. Vocês não imaginam a importância de uma pessoa dessa para nós.
Raul e sua Carol, linda Carol, é preciso escrever um livro sobre eles.
O Raul joga uma bola de camisa dez em todas as posições. Ao mesmo tempo que tem a autoridade, exerce essa autoridade com graça, responsabilidade e solidariedade. Ele é nosso melhor médico, morre na defesa de qualquer um de nós.
Além do mais ele, o Raul é um grande dançarino de maracatu, o homem é um verdadeiro cabôco de lança de Nazaré da Mata.
De minha parte e de Meire, só temos a agradecer a todos, inclusive à família do casal anfitrião, que se desdobrou para nos receber. E ao artista filho do casal, que nos deu uma aula de ciranda, maracatu, cavalo-marinho e caboclinho.
Razão tinha Fernando Pessoa, o grande poeta português:
“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Esse texto é oferecido a Dona Gerlane, a mais animada anfitriã da noite. A ela, nossas homenagens, uma graça de pessoa na sua linda madureza.
*José Américo, um também dialisado.