Produtora de uva Agrivale, de Petrolina, aposta em soluções tecnológicas para crescer
Empresa participa do Desafios.Day, evento de matchmaking com o ecossistema de inovação do Estado, para aperfeiçoar processos e ganhar mais mercado
A Agrivale, uma das maiores produtoras de uvas de mesa do Brasil, com sede no Vale do São Francisco, em Petrolina, no Sertão pernambucano, fechou 2023 com 25 mil toneladas vendidas da fruta e planeja terminar este ano com 33 mil toneladas. “Em percentual, isso daria mais ou menos um incremento de 25% no faturamento”, revela a gerente geral de Finanças da Agrivale, Isabela Bourbon.
A empresa, que tem 26 anos de atividades, já nasceu como produtora e exportadora, tornou-se produtora comercializadora e hoje vende o dobro do que produz. “Do total de uvas de mesa comercializadas em 2023 por nós, quase metade foi de produtores da região que fornecem à empresa”, afirma Isabela. De toda a produção da Agrivale, 40% são exportadas para 23 países. A empresa conta hoje com seis marcas comerciais, sendo a Mimo o carro-chefe.
O Vale do São Francisco é responsável por 95% de produção de uva de mesa do Brasil, e a Agrivale é a produtora de fazenda única com a maior área na região – cerca de 600 hectares. A empresa gera dois mil empregos fora da safra e 2,8 mil na safra. “A gente tem muita oportunidade de expansão”, lembra Isabela, acrescentando que, por outro lado, há uma grande escassez de mão de obra na região, principalmente para o campo e a para área de packing house.
Soluções tecnológicas
Embora ainda tenha capacidade de expansão, como garante Isabela, a Agrivale precisa de soluções tecnológicas que oportunizem esse crescimento, e vem fazendo movimentos para isso. Um deles se deu em janeiro deste ano, quando a Agrivale participou do Desafios.Day, evento de matchmaking com o ecossistema de inovação do Estado, na sede do Senac do Porto Digital, no Bairro do Recife.
O encontro – promovido pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (Secti/PE) por meio da Usina Pernambucana de Inovação, em parceria com a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) –, reúne criadores de soluções inovadoras (startups) com quem precisa resolver obstáculos nos processos empresariais ou institucionais de forma dinâmica e efetiva.
“A Agrivale está abrindo as portas ao ecossistema para atuar em inovação aberta. No Desafios.Day, a gente trabalha com tríplice hélice: o Governo do Estado, atuando com o setor produtivo, chamando também a academia junto com as empresas de base tecnológica e a sociedade de maneira geral para trabalhar em conjunto com benefício único, que é fazer com que Pernambuco se destaque, fornecendo melhores produtos para a sociedade”, explica o diretor de Inovação Secti/PE, César Andrade.
A produtora de uvas de mesa petrolinense levou quatro problemas para o Desafios.Day – dois da área de produção (campo) e outros dois da área de operação de packing house – para que as startups encontrem soluções. No campo, um dos problemas é a medição da umidade da quantidade de água nas videiras. Noutras palavras, o desafio é encontrar uma solução para mensurar o quanto de água foi despejado ali para se poder fazer o controle da irrigação e também evitar desperdício.
O segundo é conseguir a medição exata do tamanho da baga (a unidade da uva). “A partir da medida da baga, tem-se uma expectativa do volume que vai ser produzido por aquela planta. Isso é de suma importância para o nosso planejamento”, explica a executiva. Hoje, a medição da baga é realizada usando um anel de medida, depois se faz um cálculo com base nisso para se ter uma expectativa do que vai colher. E, com isso, faz-se planejamento (de embalagem, de mão de obra do packing house, de alocação de volume).
“A gente quer uma solução para isso porque hoje se tem 70% assertividade. Isso dá uma margem de erro de 30%, que ainda é muito grande”, reclama. Com o anel, mede-se a baga de lado e depois em outra posição, mas como a mensuração não é 100% exata, tem-se uma perda de eficiência, já que o anel não se molda ao formato exato da fruta.
Localização de pallets
Na área de packing house, o desafio é à localização de pallets. “A ideia é um sistema de localização por meio de uma etiqueta de RFID (Radio Frequency Identification) dentro do packing house, que possui um hectare. Como esse pallet é movimento em várias áreas, a gente quer uma etiqueta que possibilite não perdê-lo dentro dessa área”, esclarece. A ideia é localizar o pallet de forma eficiente, movimentá-lo sem erros de alocação no endereço e expedir com 100% de acuracidade. “Há a possiblidade de erro, como esquecer um pallet dentro da câmara fria ou sair no caminhão errado”, diz Isabela.
O quarto e último desafio da Agrivale é conseguir fazer com que o cliente tenha uma rastreabilidade ainda mais eficiente. Como as uvas estão na classificação FLV (Frutas, Legumes e Verduras), o comprador empresarial precisa saber toda a procedência. “A rastreabilidade é um histórico de todo o percurso da caixa até chegar ao nosso cliente. Isso é uma exigência, tanto para vendas ao mercado interno quanto para o externo”, completa Isabela.
A empresa trabalha com várias etiquetas colocadas manualmente nas caixas e que não dão para serem coladas na linha de produção. “Forma-se o pallet, vem alguém imprime as etiquetas e vai colocando. Isso pode gerar problemas, como caixa não etiquetada, que faz com que o cliente devolva o pallet; erro de etiqueta na caixa que não deveria ir, inversão de etiquetas. A gente quer uma forma de etiquetar isso de maneira mais adequada”, afirma.
Postos os problemas no Desafios.Day, cabe à Agrivale agora esperar que as startups encontrem, o mais rápido possível, as soluções que a empresa necessita.