Suprema Corte da Colômbia elege procuradora após disputa com o governo
A escolha de Camargo encerra o mandato da procuradora interina Martha Mancera
A Suprema Corte da Colômbia escolheu, nesta terça-feira (12), uma nova procuradora-geral depois de uma prolongada disputa com o presidente Gustavo Petro, que acusou os magistrados de deliberadamente atrasarem a decisão para favorecer seus contraditores.
"A Suprema Corte de Justiça informa ao país que na sessão (...) realizada hoje, foi eleita Luz Adriana Camargo Garzón como nova procuradora-geral da nação", disse o presidente do alto tribunal, Gerson Chaverra, à imprensa.
A advogada recebeu o apoio de 18 dos 23 magistrados e derrotou Ángela María Buitrago, também indicada pelo Executivo. A terceira candidata, Amelia Pérez, renunciou minutos antes da votação.
A escolha de Camargo encerra o mandato da procuradora interina Martha Mancera, criticada por Petro por seus supostos vínculos com narcotraficantes mencionados na mídia local.
Mancera, que assumiu o cargo em fevereiro, também foi por anos braço direito de seu antecessor, Francisco Barbosa, um ferrenho inimigo do presidente.
Nos últimos meses, Petro havia instado a Suprema Corte a eleger uma das três candidatas propostas desde setembro de 2023.
Em fevereiro, o presidente de esquerda convocou uma manifestação na qual dezenas de pessoas bloquearam o prédio onde os membros da Corte estavam deliberando. A tropa de choque teve que intervir para permitir a saída dos juízes, que denunciaram um "cerco" pelos simpatizantes do presidente.
A nova procuradora-geral assume o comando de uma entidade que está lidando com vários casos sensíveis para o governo, como o julgamento do filho mais velho do presidente por lavagem de dinheiro e uma investigação sobre possíveis contribuições ilegais para a campanha presidencial de Petro por parte de um sindicato de professores.
A Procuradoria também investiga o suposto suborno e manipulação de testemunhas contra o ex-presidente (2002-2010) Álvaro Uribe, um dos maiores opositores de Petro.
Luz Adriana Camargo Garzón, de 59 anos, é próxima ao ministro da Defesa, Iván Velásquez, há décadas, desde quando ambos eram magistrados auxiliares da Suprema Corte. Ela também trabalhou como assistente de Velásquez entre 2014 e 2017 na Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala.