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Saiba mais sobre o treinamento do Bope, que já foi oferecido para polícias da Espanha e Argentina

Rio tem 20 agentes especializados em negociar com sequestradores. Em 24 anos, 600 reféns no estado foram libertados em segurança

Momento em que o sequestrador foi preso pelos policiais do Bope - Reprodução/TV Globo

A população do Rio parou para acompanhar o resgate dos 16 reféns do sequestro de um ônibus na rodoviária Novo Rio, pela Polícia Militar, na última terça-feira. Toda a ação envolveu 78 agentes de segurança do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), entre eles, um negociador com 20 anos de experiência, formado pela corporação neste tipo de abordagem. O curso, oferecido desde os anos 2000, é considerado referência no Brasil e já foi oferecido para outros países.

Em 2023, policiais do Grupo Especial da Espanha, receberam o treinamento do Bope. Além de negociação, a equipe espanhola participou de atividades para atuar em casos de terrorismo. Na América do Sul, o curso também foi oferecido para as forças de segurança da Argentina.

Aqui no Rio, há 20 policiais especializados em negociação. O curso ocorre, em média, de dois em dois anos, com duração de um mês. Atualmente, a prioridade para participação é de policiais do Bope que já fizeram parte do grupo tático. A previsão é de que no final deste ano abram novas vagas internas para o treinamento.

— Selecionamos os policiais mais experientes para o curso de negociador. A partir de um determinado tempo de carreira, o agente passa a ter atributos para a vaga. Além de passar pela seleção, ele passa por uma avaliação psicológica e só assim é designado para fazer o curso. Os nossos negociadores estão entre os melhores policiais e já salvaram mais de 600 vidas. O Governo do Estado tem o compromisso e a preocupação de investir em segurança pública, e estamos 24 horas por dia a disposição da população fluminense — contou o comandante do Batalhão de Operações Especiais, tenente-coronel Uirá do Nascimento.
 

Estudo de caso
Depois do sequestro do ônibus, a equipe de plantão no Batalhão e os agentes revisaram, nesta quinta-feira, os detalhes da operação, desde o acionamento, até a libertação dos reféns. O estudo de caso é realizado após situações de crise para aprimorar as técnicas, podendo envolver autoridades.

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A tática trouxe resultado: há 24 anos não há reféns feridos. Os agentes atenderam mais de 150 ocorrências. De lá para cá, mais de 600 pessoas foram libertadas sem ferimentos. Dois negociadores participaram da última ação, ambos formados no curso de Especialização em Negociação do Bope, que já formou centenas de agentes de segurança.

— O Bope é considerado a melhor equipe de combate urbano do mundo. Agentes do FBI e da Swat já fizeram treinamento no batalhão. O Governo do Estado já investiu mais de R$ 20 milhões no grupo, com compra de novas viaturas, equipamentos e obras. A atuação no resgate de reféns demonstra a qualidade da força especial do nosso estado. Me sinto orgulhoso em dizer que esses heróis são do Rio de Janeiro — declarou o governador Cláudio Castro.

Cães de ataque e de faro
Nahan, pastor belga do Bope, e Djoko, da mesma raça, fizeram parte do grupo que atuou na ação de resgate de reféns de terça-feira. Nahan, cão de ataque, estava preparado para distrair o criminoso, se não houvesse a libertação dos reféns. O cão atua em casos de sequestro, trabalhando em conjunto com os agentes de segurança.

Já Djoko, cão farejador de drogas e armas, vasculhou todo o ônibus em busca de materiais ilícitos, após o criminoso ser capturado pela polícia.