OPINIÃO

Os 90 anos de um alvirrubro por excelência


   O uso de apelidos em pessoas, a alcunha, vem de tempos imemoriais. Existe em tudo que é lugar. Alguns deles chegam a tomar conta da identificação do indivíduo, de tal forma que conseguem superar o nome autêntico registrado em cartório. Nesses casos, o nome passa a ser utilizado apenas em momentos solenes. Por exemplo, no meio recifense e da sua região metropolitana, quem não conhece ou já ouviu falar de Frei Caneca (Joaquim da Silva Rabello), de Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa), de Bajado (Euclides Francisco Amâncio) e de Zé Santeiro (José dos Santos)? É provável que boa parte dos leitores e leitoras  desta crônica conhecessem essas quatros figuras mencionadas somente pelos apelidos citados e não pelos nomes verdadeiros (entre parênteses). 

    Pois bem! O nosso personagem aqui é o Cacá, um desses maiormente conhecido e chamado pelo apelido. Há uma quantidade enorme de gente que conhece o  recifense Cacá, amigos não lhe faltam, todavia inúmeros deles não sabem nem o seu primeiro nome (algumas vezes já fui consultado para esclarecer isso).  

    O apelido Cacá, de Cacá, é oriundo do seu primeiro nome, Ricardo. Quis o destino que o nome Ricardo, nesse caso quase espiritual, fosse formado e interpretado com base na ideia que transmite a primeira estrofe do Hino do Clube Náutico Capibaribe: Da união de sete letras mágicas, nasceu a força e a raça, vermelho de luta, branco de paz, quem olha não esquece jamais! 

    Nesse estágio da crônica, pensei em dar o assunto por encerrado: ponto final. Os três parágrafos escritos, anteriores, já diziam tudo (aparentemente), e a letra do Hino do “Hexa Campeão” e o Cacá são  bem conhecidos... No entanto, a história do notável alvirrubro vai muito além disso. Continuei escrevendo. 

    Ricardo Breno de Pontes Borges Rodrigues, o Cacá, ingressou no Náutico pelo berço familiar dos seus três sobrenomes: Pontes, Borges e Rodrigues, à época, já tradicionais no ambiente do Clube. Era bem jovem. Tinha sete anos. Daí em diante, construiu, como sócio, conselheiro e dirigente, uma  inigualável carreira, em 83 anos de caminhadas pelas mais sagradas terras do bairro dos Aflitos. No período inicial da convivência clubística tornou-se atleta de basquetebol e tênis, conquistando títulos em todas as categorias, do infantil ao adulto. 

    À medida que a idade ia permitindo, Cacá assumia cargos no Clube, em diversas áreas e diretorias, demonstrando liderança e responsabilidade, capacidade ao diálogo e bom senso, até chegar à presidência do Executivo e à presidência do Conselho Deliberativo. 

    Durante esse longo e profícuo período dedicado à vida do Náutico, ele, meritoriamente, foi agraciado, nos espaços do tempo, com os títulos de sócio Emérito, sócio Benemérito e de Grande Benemérito; um fato, até hoje, inédito, os três maiores títulos concedidos a um confrade do Clube. 

    Em 2023, conforme decisão aprovada pelo Conselho Deliberativo, sob a presidência do advogado Alexandre Carneiro, o Edifício-Sede do Náutico passou a se chamar Ricardo Breno de Pontes Borges Rodrigues, em reconhecimento por todas as suas atividades e por toda sua doação em prol do Clube. Neste sábado, dia 20/04/2024, Cacá completará 90 anos de vida, com esperança no futuro. Viva Cacá! Viva o Náutico! 

*ADMINISTRADOR DE EMPRESAS (UFPE) E MEMBRO DA  ASOCIACIÓN DE CERVANTISTAS 
(F.DACAL@HOTMAIL.COM)