Novo longa de Luc Besson, Valerian e a cidade dos mil planetas oscila entre o humor e a aventura

Valerian (Dane DeHaan) e Laureline (Cara Delevingne) são agentes em missão num universo exagerado e o instigante. Cantora Rihanna interpreta a cantora e dançarina Bubble

Cena de "Valerian e a cidade dos mil planetas" - Diamond Films/Divulgação

Quando se fala sobre "Valerian e a cidade dos mil planetas", que entrou em cartaz nesta semana, o comentário mais comum é a respeito de seu orçamento: é o filme mais caro da história do cinema europeu.

O longa-metragem, dirigido por Luc Besson, custou cerca de US$ 180 milhões (pouco mais de R$ 560 milhões) e, até agora, arrecadou aproximadamente US$ 36 milhões (R$ 113 milhões). Para além do fracasso sugerido pelos números, o filme é uma aventura juvenil que tem qualidades e defeitos na maneira simples como conduz a história.

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A primeira cena explica, sem narração, recorrendo apenas a algumas poucas imagens repetidas, os avanços da humanidade por centenas de anos. Seres humanos agora vivem em Alpha, algo como uma capital intergalática habitada por milhões de espécies.




Esses acordos são apresentados com simplicidade e humor: humanos conhecem diferentes tipos alienígenas, firmando parcerias com apertos de mãos - mesmo que algumas espécies não tenham mãos. É uma combinação entre piada e sentimento de aventura que parece resumir o perfil do filme.

A história acompanha Valerian (Dane DeHaan) e Laureline (Cara Delevingne), agentes do exército especializados em missões estratégicas. Eles recebem um trabalho: recuperar um artefato raro que está prestes a ser vendido para um contrabandista. Depois de uma sequência acelerada e divertida, voltam para a base, onde descobrem que uma organização planeja destruir Alpha de dentro do próprio local.

É assim, um filme de aventura que cada cena de ação leva a outra cena de ação, com umas poucas pausas apenas para explicar detalhes. Uma rapidez que deixa o enredo mais dinâmico e também mais raso. Há bastante previsibilidade na história, um roteiro que insiste em facilitar a compreensão sobre quem são os heróis e os bandidos, sem espaços para dúvidas. É nessa simplicidade que o filme parece caminhar, sem suspeitas ou mistérios, uma aventura que privilegia clareza e evita contradições.

As cenas de ação são instigantes, com heranças evidentes de "Star Wars" e "Avatar". É alto o nível de detalhamento desse universo criado com tecnologia digital, uma variada combinação de cores, formas e movimentos - o mesmo vale para as criaturas extraterrestres. É possível notar a vontade de Besson de criar detalhes virtuosos que compõem esse universo, algo que oscila entre o instigante e um espetáculo de exageros.

Estrela

O filme tem participação especial de Rihanna (que interpreta a cantora/dançarina Bubble). É de certa forma estratégia para ampliar o público e as possibilidades de mercado, embora as sequências com ela não pareçam completamente integradas ao enredo e sejam dedicadas a cultuar a própria artista - como as repetidas referências ao talento de Bubble como dançaria e elogios a sua performance.

O tempo curto de tela dificulta estabelecer vínculos com a personagem, além de deixar o filme ainda mais longo, com duas horas e 17 minutos.

HQ

O filme é baseado num quadrinho francês, criado nos anos 1960 pelo escritor Pierre Christin e o desenhista Jean-Claude Mézières. Antes dessa versão cinematográfica dirigida por Luc Besson, a história em quadrinho, que inspirou diferentes gerações foi transformada em animação para a TV, em 2007, e contou com 40 episódios.

Cotação: regular