"Mediano", "cochilei": Veja a reação do público brasileiro após assistir a "Emilia Pérez"
Filme indicado a 13 estatuetas do Oscar e rival de "Ainda estou aqui" em três categorias chegou aos cinemas brasileiros
"O filme mais polêmico do ano, assista e tire suas próprias conclusões." A frase está no material de divulgação de " Emilia Pérez" no Brasil, feito pela distribuidora Paris Filmes.
O longa dirigido por Jacques Audiard vem sendo alvo de polêmicas ao longo da temporada de premiações. E o debate que já era quente só cresceu nas últimas semanas com o clima de rivalidade entre o musical francês e o drama brasileiro "Ainda estou aqui", de Walter Salles.
Os dois longas disputam entre si três estatuetas do Oscar: melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz. "Emilia Pérez" disputa ainda outras 10 prêmios, sendo o recordista em indicações do ano.
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Há meses que "Emilia Pérez" é alvo de críticas pela forma como representa a sociedade mexicana e pela representação de sua protagonista trans.
Nos últimos dias, no entanto, o debate foi para fora do filme. Primeiro tivemos a divulgação de uma entrevista de Karla Sofía Gascón, primeira atriz trans indicada ao Oscar, em que afirmava, em depoimento a Folha de SP, que pessoas no entorno de Fernanda Torres estariam sendo responsáveis por ataques de ódio contra ela e seu filme.
Após a repercussão negativa, a atriz voltou atrás no comentário ao afirmar que se referia a pessoas nas redes sociais e não a profissionais diretamente ligados à brasileira.
A situação da atriz espanhola piorou no dia seguinte com a divulgação na imprensa internacional de uma série de posts antigos no X em que ofendia minorias, falava mal de outros atores e até criticava a cerimônia do Oscar.
Com tudo isso, o clima pegou fogo nas redes e "Emilia Pérez" virou uma espécie de "inimigo do Brasil no Oscar". Embora muitos dos ataques nas redes venham de pessoas que de fato assistiram à produção, também é verdade que as críticas se propagaram por muitos que ainda não haviam tido acesso ao filme.
Pensando nisso, O Globo acompanhou uma sessão de "Emilia Pérez" no dia de sua estreia no Brasil, nesta quinta-feira (6). Com ótimo público, a sessão realizada no Estação Net Rio, em Botafogo, trazia pessoas dispostas a tirar suas próprias conclusões.
Ao fim da exibição, sem direito a aplausos ou manifestações mais calorosas, as pessoas deixaram a sala sem transparecer muito emoção.
"A interpretação dos atores é brilhante, mas não considero o filme uma pérola. A fotografia, a forma como brincam com o gênero musical e como tratam da questão da empatia é muito impactante" afirma Maurício Fernandes, professor.
""Emilia Pérez" é um filme que tem uma plasticidade muito orgânica, conduz a gente para uma narrativa de dor. Fala sobre violência, refugiados, coisas que estamos vivendo muito intensamente no mundo. Gostei razoavelmente, é mediano"
Já o engenheiro Sérgio Calero, acompanhado na sessão da esposa Camila, não demonstrou muita empolgação com o longa e confessa:
"Cochilei um momento. Não gostei das músicas. Tem coisas interessantes, boas atuações, mas não gostei, é long0 demais (são 130 minutos de duração)"
O público no cinema também repercutiu as muitas críticas que o filme vem sofrendo. A assessora de comunicação Cristina Pires conta ter gostado, mas faz questão de deixar claro que "'Ainda estou aqui' é melhor".
"Enquanto realização, é um filme bem feito, mas concordo com as críticas sobre algumas inconsistências. A personagem se tornar trans para fazer bondades me parece uma deturpação a respeito da transexualidade" afirma a professora e jornalista Ivana Barreto.
"Em termos de atuação, acho que ela (Karla Sofía) tem uma atuação normal. Não estou puxando a sardinha para a Fernandinha não, mas o papel da Fernanda é muito mais difícil e impecável. A Karla entrega um trabalho dentro da realidade dela"
Nesta sexta-feira, "Emilia Pérez" e "Ainda estou aqui" se enfrentam na categoria melhor filme de língua estrangeira no Critics Choice Awards. O Oscar 2025 acontece no dia 2 de março, pelo domingo de carnaval.