"Desceram do avião totalmente livres", diz secretária do Ceará sobre deportados de novo voo
Segundo informações do governo estadual, são 111 imigrantes que retornaram agora ao Brasil
Os deportados que chegaram nesta sexta-feira a Fortaleza saíram do avião sem correntes e algemas, segundo a secretária de Direitos Humanos do governo do Ceará, Socorro França.
Um novo voo com brasileiros aterrissou na tarde desta sexta-feira na capital do Ceará.
Segundo informações do governo estadual, são 111 imigrantes que retornaram agora ao Brasil. Desse total, cerca de 80% são de Minas Gerais e devem seguir viagem em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) até o aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
— O governo do estado, através da Secretaria de Direitos Humanos, com o governo federal, otimizou a vinda dessas pessoas deportadas do Estados Unidos. Graças a Deus correu tudo bem. Recebemos com muita emoção, não foi fácil recebê-los aqui porque estavam acorrentados, estavam com algema. Quando desceram do avião vieram totalmente livres, mas vieram muitos machucados emocionalmente. Disseram que sofreram muito, estavam presos, quase sem alimento — disse a secretária.
A Secretaria de Direitos Humanos do Ceará, que trabalha em parceria com o Ministério dos Direitos Humanos, disse que serão fornecidos alimentos e serviços de atendimento psicológico aos brasileiros que desembarcaram hoje.
O trajeto até Fortaleza foi providenciado pelo governo dos Estados Unidos e inicialmente a previsão era que o voo tivesse Belo Horizonte como primeira parada no Brasil.
Por determinação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério das Relações Exteriores negociou com o governo estrangeiro a alteração da rota.
Como Fortaleza é uma cidade litorânea, o objetivo foi evitar que os passageiros sobrevoassem o mínimo possível o território nacional com algemas. Um diplomata brasileiro foi designado para acompanhar o embarque dos deportados.
Como forma de reforçar a autoridade brasileiras sobre os cuidados dos repatriados, um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) foi destacado, segundo o governo federal, de "forma excepcional", para fazer o trajeto entre Fortaleza e Belo Horizonte.
Foi criado um grupo de trabalho, composto pelos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, Defesa e Direitos Humanos, para cuidar da repatriação dos brasileiros. A ideia é que os próximos voos cheguem ao Brasil também por Fortaleza.
A criação de um grupo de trabalho foi motivada por um incidente considerado grave e inaceitável pelo governo brasileiro. Na noite de 24 de janeiro, 88 brasileiros deportados pelos Estados Unidos desembarcaram em Manaus (AM) algemados e com correntes nos pés. Também relataram maus-tratos sofridos dentro da aeronave.
O governo brasileiro determinou a retirada imediata das algemas e das correntes e enviou um avião da FAB, para levar os nacionais até Belo Horizonte. O Itamaraty também convocou o encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, para pedir explicações sobre o ocorrido.