Magda diz que Petrobras está 'muito bem preparada' para explorar Margem Equatorial
A presidente da Petrobrás espera licença do Ibama ainda neste ano
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, repetiu hoje que a estatal tem esperanças de obter a licença este ano para a exploração de petróleo na região da Margem Equatorial chamada de Foz do Amazonas após atender a todas as exigências feitas pelo Ibama.
Em viagem à Índia, ela afirmou à Bloomberg TV que a empresa está "muito bem preparada" para atuar com segurança na região.
Também hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que quer que o petróleo seja explorado na Margem Equatorial e defendeu uma resposta rápida do Ibama à estatal, sem esconder que avalia que a empresa deve receber sinal verde.
— Estamos muito bem preparados e o que temos lá no delta do Amazonas para conter qualquer tipo de vazamento é tão grande que ninguém no mundo colocou essa quantidade de equipamentos em um local — disse Magda à Bloomberg.
O mercado sob Trump
A presidente da Petrobras disse ainda que a estatal está pronta para os preços globais de petróleo caírem um pouco mais sob o plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentar a produção americana e baixar o custo da commodity.
Em entrevista à Bloomberg TV em viagem à Índia, a executiva afirmou que a Petrobras pode compensar esse possível novo cenário em parte apoiando-se em seus clientes na China e na Índia. Por outro lado, disse não acreditar em uma queda forte no preço internacional.
O apelo do presidente americano para que os produtores americanos sob o lema “drill, baby, drill” (ou “perfurem, baby, perfurem”) e os planos tarifários que poderiam potencialmente desacelerar a economia global já ajudaram a derrubar os preços globais do petróleo em cerca de 6% desde sua posse, para aproximadamente US$ 75 o barril. E eles podem cair ainda mais.
'Não acredito que preços possam cair muito'
As políticas de Trump, no entanto, não devem impactar a Petrobras, pois a empresa estabeleceu mercados na China e na Índia, com um plano estratégico que é “resiliente” ao petróleo a US$ 65 o barril, ela acrescentou.
— Nosso plano estratégico de cinco anos é completamente resiliente a US$ 65 (o barril) — afirmou Magda, que está participando da conferência India Energy Week.
E continuou, referindo-se aos altos custos da produção nos campos de xisto americanos que Trump incentiva:
— Não acredito que os preços possam cair muito mais do que isso, mesmo porque os EUA têm que sustentar a produção não convencional.
A política comercial de Trump corre o risco de ampliar o fosso entre os EUA e o chamado Sul Global liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, ou Brics. Desde o mandato anterior na Casa Branca, o grupo de países desafiou as prioridades americanas, como o domínio do dólar, e buscou fortalecer os laços comerciais para reduzir sua dependência do Ocidente.
— Exportamos para os dois maiores países em termos de população no mundo inteiro — afirmou Magda sobre a China e a Índia. — Então, acho que, embora saibamos que pode haver mudanças nos Estados Unidos, não achamos que isso afetará a Petrobras.
O petróleo bruto provavelmente será negociado entre US$ 70 e US$ 75 o barril sob o novo governo americano, disse ela, quando questionada sobre a iniciativa de Trump de aumentar a produção e reduzir os preços globais.
A estatal assumiu que o preço médio global do petróleo Brent seria de US$ 83 o barril neste ano em seu plano estratégico divulgado em novembro.
Magda Chambriard também não está preocupada com a queda da demanda chinesa, apesar da desaceleração econômica do país, e disse que é muito cedo para determinar se as políticas de Trump realmente mudarão a dinâmica de fornecimento de combustíveis fósseis.
O Brasil está aumentando a produção, com o objetivo de elevar nos próximos cinco anos em mais 400.000 barris por dia, que poderiam ser vendidos a parceiros em outras grandes economias emergentes do Brics, disse ela.
Novos mercados
A Petrobras está buscando novas fronteiras de exploração, já que alguns de seus principais campos atingiram o pico e começaram a decair.
Chambriard disse que a empresa considerará oportunidades na Índia “muito seriamente”, já que o país acaba de anunciar planos para oferecer 25 blocos de exploração em águas profundas e ultraprofundas.
A maior aposta da produtora de petróleo para expandir a produção após 2030 no Brasil é uma nova fronteira offshore importante conhecida como Margem Equatorial.
A empresa está buscando uma licença para perfurar seu primeiro poço na bacia da Foz do Amazonas, dentro daquela região, que tem uma geologia semelhante à da vizinha Guiana, onde Exxon Mobil encontrou bilhões de barris. E reforçou expectativa de ter sinal verde do Ibama para atuar na região.