ELEIÇÕES 2026

Derrite trocará PL de Bolsonaro pelo PP para disputar Senado ou Governo de São Paulo

Bolsonarista está na chefia da Segurança Pública do governo Tarcísio e deve oficializar a troca em 2026

Guilherme Derrite - Câmara dos Deputados

A troca de partido do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, do PL ao Progressistas, para disputar o Senado ou o governo do Estado nas eleições de 2026, é dada como certa entre aliados do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O político, contudo, nega o movimento sob a leitura de que não ganha nada fazendo o anúncio com tanta antecedência.

Derrite começou a carreira política no PP, inspirado nos passos do deputado federal Coronel Telhada, seu ex-comandante nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), batalhão de elite da Polícia Militar de São Paulo de onde teria sido expulso por excesso de mortes em serviço.

Ao tentar a reeleição, optou pelo PL de Bolsonaro. Fontes do antigo partido alegam que a saída ocorreu por conta do apoio do PP ao ex-governador Rodrigo Garcia contra Tarcísio, mas a relação continua próxima.

O líder do partido, Ciro Nogueira, senador pelo Piauí e ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, ainda deve alinhar o assunto com o ex-presidente e com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

A saída imediata de Derrite abriria brecha para cassar o mandato do parlamentar por infidelidade partidária. Na ausência de uma autorização formal, o caminho seria filiá-lo na janela partidária, período de 30 dias que antecede em seis meses o pleito e possibilita a troca sem apresentar justificativa.

A leitura é de que a entrada de Derrite no PP facilitaria a construção de uma chapa de centro-direita em 2026, que pode ser capitaneada por Tarcísio tentando a reeleição ou por outro candidato com a sua benção e de Bolsonaro, caso opte pela disputa à presidência da República.

Nas contas de um articulador do PP, o partido fica com uma das quatro vagas em aberto: governador, vice e as duas candidaturas ao Senado. As demais seriam entregues a PL, PSD e Republicanos.

No PL, o campo já está congestionado com o filho "03" de Bolsonaro, o deputado Eduardo. Ele também é cotado para concorrer contra Lula (PT) caso o pai decida tentar uma candidatura até onde der mesmo inelegível até 2030 e denunciado por supostamente liderar uma tentativa de golpe.

Outro bolsonarista confirmado é Ricardo Salles (Novo), mas que está afastado do ex-presidente depois que resolveu apoiar a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) à prefeitura de São Paulo.

Nesta sexta-feira (28), o jornal Folha de S. Paulo publicou a informação de que Derrite já estaria com a ficha de filiação assinada e guardada na sede estadual do partido. A notícia pegou de surpresa uma fonte do PL próxima a Bolsonaro.

Ao Globo, o deputado federal Maurício Neves, presidente da sigla em São Paulo, afirmou que esta é uma "força de expressão" que circula no meio político e que o documento ainda não existe de fato.

— O pessoal fala que ele já está no PP pela proximidade que ele tem com o partido — disse.

Derrite também procurou amenizar a história. "O secretário Guilherme Derrite afirma que a informação está equivocada, já que não assinou a ficha citada. Ele segue filiado ao PL", declarou em nota.

Neves entende que a pauta da segurança pública é uma das principais demandas da população e fortalece uma candidatura majoritária de Derrite, ou seja, para o governo ou o Senado. O secretário, porém, tem uma gestão contestada à frente da área.

Apesar de índices de criminalidade terem reduzido, a letalidade policial disparou e uma crise foi deflagrada diante de diversos flagrantes de abusos cometidos por parte da PM desde o final do ano passado.

Outro foco de desgaste é a investigação sobre o assassinato de Vinicius Gritzbach, delator do PCC, no Aeroporto de Guarulhos, que havia acusado policiais e delegados de envolvimento com o crime organizado.