CONGRESSO NACIONAL

Ministros e parlamentares do Centrão avaliam que Gleisi restringe articulação do governo

Deputada é vista como alguém pouco palatável no "baixo clero"

Gleisi Hoffmann - Henrique Lima/PT de Pernambuco

Ministros, líderes no Congresso e presidentes de partidos do Centrão e até de esquerda avaliam que o nome da deputada federal Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais indica uma tendência de Lula de se fechar ainda mais. Para eles, manter o PT na SRI restringe a articulação política do governo a base aliada e alguns parlamentares do centrão mais próximos a Gleisi.

Apesar de um bom diálogo com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), os líderes ressaltaram que a deputada tem pouca relação com a “planície” ou o “baixo clero” do Congresso, que são os deputados e senadores fora das lideranças partidárias.

Os parlamentares, incluindo aliados de Lula, afirmam que deputados e senadores de fora do PT tem “muito preconceito” com ela e vão ficar resistentes a negociações. Mas pontuam que tudo vai depender de como ela tentará desfazer a imagem de “PT raiz”, por meio do diálogo.

O entendimento é que Gleisi ficou conhecida por ter um estilo mais combativo de fazer política e, muitos parlamentares passaram a ter uma imagem de que ela é pouco afeita ao diálogo.

— Eu tenho uma relação pessoal com ela muito boa. O que surpreende é ser do PT. Eu esperava um movimento de colocar alguém na SRI que não fosse do PT e ajudasse ampliar a governabilidade. A escolha por ela não amplia a base para outros partidos — disse o líder do PDT na Câmara, Mario Heringer.

Para lideranças do centrão, Lula está demonstrando que a reforma ministerial está sendo feita para resolver um problema interno do PT, acomodando Gleisi no governo e abrindo espaço para outro aliado na presidência do partido, Edinho Silva.

Um ponto destacado entre os parlamentares, no entanto, é a Gleisi terá mais autonomia dentro do governo do que Alexandre Padilha tinha. Ou seja, ela tem forte influência entre os ministros e poder para fazer planos serem executados e emendas serem pagas.

O líder do Republicanos na Câmara, Gilberto Abramo (MG), avalia que a deputada tem a proteção de Lula e força político dentro do governo.

— Ela vai chegar empossada de uma autonomia maior para resolver o que precisa ser resolvido, tem poder de influência sobre os ministros. Ela vai chegar chegando — disse.

Já entre os presidentes dos partidos do Centrão a avaliação é mais pessimista. Um presidente partidário diz que a escolha dela é “péssima devido ao perfil”.

É apontado o fato que as mudanças não alteraram a correlação de forças entre os partidos na Casa, já que Padilha já exercia influência no Ministério da Saúde e a SRI deixou de ser de um petista para colocar outra política também petista.

Há uma descrença entre os partidos do Centrão de que Lula realmente quer dar mais espaços para nomes do União Brasil, PP, Republicanos, MDB e PSD na Esplanada dos Ministérios.

A avaliação é que a mudança ministerial serviu mais para atender a um problema interno do PT, já que Gleisi demonstrava a resistência a ter Edinho Silva como sucessor no comando do partido. Com a ida dela ao ministério, o caminho de Edinho para assumir a legenda é facilitado.