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Após bate-boca, Zelensky afirma querer os "EUA posicionados de forma mais firme" ao lado da Ucrânia

Em um longo comunicado divulgado na rede social X, líder ucraniano diz que só poderá discutir diplomacia com EUA, Europa e Rússia quando tiver claras garantias de segurança contra futura invasão

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Tetiana Dzhafarova / AFP

O presidente Volodymyr Zelensky afirmou neste sábado querer que os "EUA se posicionem de forma mais firme" do lado da Ucrânia, um dia depois de um intenso bate-boca com o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu vice J.D.

Vance durante encontro na Casa Branca, de onde saiu enxotado sem assinar um acordo de recursos minerais e sem uma entrevista coletiva previamente prevista.

Em um longo comunicado divulgado na rede social X, em que afirmou ser "crucial para nós o apoio do presidente Trump", o líder ucraniano pontuou não poder mudar sua posição em relação à Rússia pelo fato de o presidente Vladimir Putin ter iniciado o conflito com a invasão de fevereiro de 2022, quando "desrespeitou a integridade territorial" ucraniana: "Os russos estão nos matando. A Rússia é o inimigo."

"Eu quero os EUA de forma mais firme de nosso lado. Esta não é uma guerra apenas entre nossos dois países; a Rússia trouxe essa guerra ao nosso território e dentro de nossas casas. Eles estão errados porque desrespeitaram nossa integridade territorial. Todos os ucranianos querem ouvir uma forte posição dos EUA do nosso lado. É compreensível que os EUA busquem um diálogo com Putin. Mas os EUA sempre falaram em 'paz por meio da força'. E juntos podemos adotar fortes passos contra Putin."

Referindo-se ao bate-boca da véspera, Zelensky afirmou que, "apesar do diálogo duro, permanecemos parceiros estratégicos. Mas precisamos ser honestos e diretos um com o outro para verdadeiramente entender nossos objetivos compartilhados".

Acusado por Vance na sexta-feira de não ser grato ao presidente Trump, Zelensky começou seu comunicado agradecendo o presidente amerinano, o apoio bipartidário do Congresso e o povo americano, reconhecendo como vital para a sobrevivência do país a ajuda dos EUA e afirmando que os ucranianos sempre apreciaram esse apoio, "especialmente durante esses três anos de invasão em grande escala".

"O povo americano ajudou a salvar o nosso povo. Pessoas e os direitos humanos vêm em primeiro lugar. Somos verdadeiramente gratos. Queremos apenas fortes relações com os EUA, e realmente espero que as teremos."

Garantias de segurança
No comunicado, Zelensky afirmou querer o fim do conflito assim como Trump, mas com a ressalva de que não pode ser a qualquer custo.

Segundo ele, o acordo de recursos minerais aspirado pelo governo Trump tem de ser o primeiro passo em direção às garantias de segurança pleiteadas por Kiev e à "aproximação da paz".

"Ninguém quer uma outra onda de ocupação. Se não podemos ser aceitos na Otan (aliança militar liderada pelos EUA), precisamos de alguma estrutura clara de garantias de segurança de nossos aliados nos EUA" de que Putin não vai voltar a invadir a Ucrânia no futuro, afirmou.

Segundo Zelensky, a Europa está pronta para contingências e para ajudar a financiar o Exército do país, mas que precisa dos EUA a definição do "tipo, volume e quando" das garantias de segurança. Só assim, pontuou, "poderão falar com a Rússia, Europa e os EUA sobre diplomacia".