Anistia Internacional denuncia detenção de ativista de direitos humanos em El Salvador
Acusado testemunhou e denunciou 'torturas em centros penitenciários'
A Anistia Internacional (AI) exigiu nessa quarta-feira que as autoridades de El Salvador garantam a "integridade física" do ativista de direitos humanos Fidel Zavala, detido junto a outros líderes comunitários acusados de diversos crimes.
A detenção de Zavala, de 30 anos, porta-voz da Unidade de Defesa de Direitos Humanos e Comunitários (UNIDEHC), "é especialmente preocupante, pois ele foi testemunha e denunciante de torturas em centros penitenciários", afirmou a AI na rede social X.
A Anistia instou as autoridades a "garantirem" sua "integridade física e psicológica".
Zavala, que esteve preso por 13 meses devido a uma suposta "fraude agravada", havia relatado à imprensa que testemunhou espancamentos de presos no contexto do regime de exceção declarado em março de 2022 por iniciativa do presidente Nayib Bukele, em sua "guerra" contra as gangues.
"Chega de detenções arbitrárias e criminalização injusta!", exigiu a AI.
A detenção de Zavala ocorreu em 25 de fevereiro durante uma operação que, segundo a AI, incluiu a busca e apreensão na sede da UNIDEHC e na residência da advogada Ivania Cruz, diretora da organização, bem como a prisão de "mais de 20" líderes da comunidade La Floresta, em San Juan Opico, cerca de 40km ao norte de San Salvador.
Para todos os detidos, a Anistia pediu "um julgamento justo com todas as garantias processuais".
O Ministério Público de El Salvador (FGR) informou na rede social X que Zavala e cerca de vinte ativistas comunitários estão sendo processados por "comercialização irregular de terrenos e loteamentos de forma ilegal, em prejuízo de várias vítimas".
O FGR também acusa os detidos de "restrição ilegal à liberdade de circulação" e de associação criminosa, entre outros crimes.