Fundadores da Tok&Stok; reafirmam oferta pela Mobly, e reduzem fatia mínima de ações a ser comprada
A família Dubrule pede que a companhia marque assembleia de acionistas para avaliar proposta e votar mudança estatutária
Os Dubrule, fundadores da Tok&Stok, reafirmaram sua intenção de comprar o controle da Mobly — dona da varejista de móveis e artigos de decoração —, segundo fato relevante divulgado nesta segunda-feira pela companhia.
Em carta enviada à Mobly na noite de domingo, Alain Drubule, Ghislaine Thérèse Dubrule e Paul Dubrule reiteram que irão apresentar a oferta pública de compra de ações da empresa (OPA), mas reduzem a aquisição a uma fatia mínima 50% do capital mais uma ação da Mobly, sem explicar a razão para isso. Destacam apenas que essa fração pode ser alterada em caso de mudança no capital social da companhia.
Na proposta enviada à companhia em 28 de fevereiro, esse percentual seria de ao menos 69,2%.
Os proponentes afirma que “têm a convicção de que a proposta é atrativa para os acionistas”, tendo a expectativa de que “os detentores de participação relevante no capital social da Mobly analisarão minuciosamente os termos da OPA (...) e apoiarão a realização do Leilão”.
As ações da Mobly fechara esta segunda-feira com queda de 1,52%, cotadas a R$ 1,30. Nos últimos 12 meses, o recuo acumulado alcança 36,27%.
No meio do feriado prolongado de carnaval e após reunir seu Conselho de Admnistração, a Mobly informou, também por meio de fato relevante, que acionistas que somavam o equivalente a mais de 40% do capital da empresa se posicionaram contra os termos da proposta dos Dubrule.
Esses acionistas também não estariam de acordo com a alteração do estatuto da Mobly, conforme solicitado na carta enviada pelos fundadores da Tok&Stok e uma das condições para que a OPA possa acontecer, excluindo a chamada poison pill, uma cláusula conhecida como pílula de veneno para defender a empresa contra propostas hostis pela aquisição de seu controle.
Fundadores ficaram de fora da transação com a Mobly
Em agosto de 2024, a Mobly — controlada pela alemã Home 24 — fechou um acordo com a SPX para fusionar a companhia com a Tok&Stok. O fundo havia comprado o controle dos Dubrule em 2012, mas a família se opôs a transação do ano passado.
Pela atual composição acionária da companhia, a Home 24 detém 44,38% do capital, enquanto a SPX ficou com 13,04%. Outros 11,9% estão com a CTM Investimentos. Os Dubrule são acionistas apenas da Tok&Stok, uma subsidiária da Mobly.
Um dos pontos questionados pelos acionistas e também pelo CEO da Mobly, Victor Noda, é o valor proposto por ação pelos fundadores da Tok&Stok, de R$ 0,68, um desconto superior a 50%.
Na carta enviada à companhia esta semana, os Dubrule explicam que esse desconto reflete análises baseadas em informações públicas divulgadas pela Mobly e na experiência dos fundadores de “mais de 40 anos no setor varejista de móveis e decoração”, considerando fatores como: “as ações da Mobly são dotadas de baixa liquidez, de forma que o seu preço de tela não permite uma acurada determinação do seu valor de mercado; e (ii) os significativos desafios e riscos associados à gestão da Companhia, que carrega endividamento superior a R$ 600 milhões e, desde o seu IPO, não gera lucro”.
A Mobly abriu capital em Bolsa em fevereiro de 2021, quando levantou R$ 812 milhões, em valores da época.
Os Dubrule afirmam ainda que as condições apresentadas não são inéditas, tendo sido anteriormente usadas no mercado brasileiro. E que deixaram claras as condições necessárias para a realização da OPA. Uma delas é a exclusão da poison pill do estatuto.
A outra é a manutenção do acordo feito com credores da companhia de que não haverá pedido de execução antecipada de débitos que tiveram prazos de pagamento alongados em processo de recuperação extrajudicial feito pela Tok&Stok.
Os fundadores frisam, porém, que dado o prazo regulatório máximo para a realização do leilão público para compra de ações, “seria inviável lançar o edital antes de que se iniciassem e avançassem as tratativas com os credores e fosse convocada” a assembleia geral extraordinária (AGE) de acionistas para votar a reforma estatutária.
Por isso, os Dubrule reiteram o pedido de que a companhia adote, de forma imediata, medidas para convocar e realizar a AGE. Em referência ao fato relevante da companhia de 5 de março, quando a Mobly afirmou que acionistas se opõem aos termos da proposta dos fundadores da Tok&Stok, a carta desta segunda-feira diz que isso “não exime a Mobly da obrigação de convocar” a assembleia.
E dizem que a reforma estatutária poderá ser aprovada de forma condicionada, caso os acionistas avaliem ser o melhor caminho.