Político de extrema direita é barrado de concorrer à Presidência da Romênia por Corte Constitucional
Calin Georgescu venceu o primeiro turno da eleição em novembro, mas o resultado do pleito foi anulado antes do segundo turno sob acusação de interferência russa
A Corte Constitucional da Romênia, órgão máximo do Judiciário do país, barrou nesta terça-feira o político de extrema direita Calin Georgescu de concorrer à eleição presidencial, confirmando uma decisão anterior da Comissão Eleitoral romena, que rejeitou a sua candidatura no domingo.
Georgescu havia entrado com um recurso no dia seguinte contestando a medida, que classificou como "flagrantemente ilegal".
No entanto, o pedido foi rejeitado por unanimidade pelo tribunal, sob protestos de apoiadores do ultradireitista, um crítico ferrenho da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A decisão não pode ser objeto de recurso na Romênia, significando o fim da ascensão meteórica de Georgescu desde que ele ganhou destaque em novembro passado, quando inesperadamente venceu o primeiro turno da votação presidencial como candidato independente.
A eleição foi anulada antes que o segundo turno pudesse ser realizado e remarcada para maio, em uma ação chocante e rara na UE.
Na ocasião, a Corte Constitucional alegou que o pleito foi alvo de interferência russa e ataques cibernéticos e disse que os conteúdos de Georgescu receberam "tratamento preferencial" nas redes sociais, em especial no TikTok.
"Ladrões"
Do lado de fora do tribunal, centenas de partidários de Georgescu gritaram “ladrões” depois que a notícia da decisão do tribunal se espalhou.
— Isso não é mais uma democracia. Em que estamos vivendo? Em uma ditadura — disse Marius Vasile, um aposentado de 51 anos, à AFP.
— Queremos eleger quem quisermos... É ele (Georgescu) que queremos. Não queremos mais ninguém — disse Marinela Simona Cheosa, uma engenheira de 45 anos, agitando uma grande bandeira da Romênia.
Georgescu, que anteriormente expressou admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin, mas que mais recentemente se apresentou como “ultra-pro” do presidente dos EUA, Donald Trump, nega qualquer ligação com Moscou.
Em uma declaração no domingo, o a Comissão Eleitoral da Romênia disse que havia rejeitado a candidatura de Georgescu para a nova eleição de maio com base na anulação da votação de novembro pelo tribunal superior.
Centenas de pessoas se manifestaram contra a decisão no final do domingo, com confrontos entre manifestantes e policiais que deixaram 13 feridos.
Três homens de 43, 48 e 50 anos foram indiciados por supostamente terem cometido “atos de violência” durante os protestos, disseram os promotores nesta terça-feira.
Membros do alto escalão do governo dos EUA apoiaram Georgescu. Em pesquisas recentes, ele aparecia com cerca de 40% das intenções de voto para a eleição em maio.
“Isso é loucura!”, Elon Musk, conselheiro de Trump, escreveu no X no domingo em resposta à decisão do departamento eleitoral.