Cinema

Diretor italiano Nanni Moretti está internado em Roma após sofrer segundo infarto em seis meses

Cineasta de 71 anos, que dirigiu "Caro diário" e "O quarto do filho", foi operado de urgência e está em terapia intensiva

Nanni Moretti - Reprodução/Instagram

Nanni Moretti sofreu nesta quarta-feira (2) seu segundo infarto nos últimos seis meses e permanece internado em condições estáveis, na sala de terapia intensiva do hospital San Camillo, em Roma.

Lá, foi operado de urgência "para salvar sua vida", conforme informaram alguns meios de comunicação italianos, como os jornais Corriere della Sera e La Repubblica.

Ainda não foi divulgado um boletim oficial sobre o estado de saúde do diretor de "Caro diário" e "Habemus Papam", mas os primeiros relatos indicam que ele se recupera bem.

Moretti se sentiu mal em sua casa nas últimas horas desta quarta-feira e foi imediatamente levado ao hospital San Camillo.

Lá, foi submetido poucos minutos depois a uma intervenção cirúrgica realizada pela mesma equipe médica que o atendeu no dia 1º de outubro do ano passado, quando sofreu um infarto com características semelhantes.

"Lamento não estar neste momento com vocês, mas estarei melhor e voltarei muito em breve", disse na ocasião.

Moretti estava com a agenda cheia de atividades nos últimos dias. Na segunda-feira (31), presidiu no Nuovo Sacher, a sala de cinema que criou e gerencia pessoalmente no bairro romano de Trastevere, uma sessão especial de pré-estreia do último filme do cineasta chinês Jia Zhangke, com quem compartilhou um encontro que também contou com a participação da diretora italiana Paola Cortellesi.

Nesta quarta (2), ele era esperado na abertura de um festival de cinema francês ao lado da atriz francesa Ludivine Sagnier. No final de março, Moretti recebeu um prêmio no Festival de Cinema Arte de Bari, onde ministrou uma masterclass.

Nanni Moretti, de 71 anos, é um dos diretores italianos mais importantes dos últimos tempos e provavelmente o de maior reconhecimento internacional.

Ativo desde 1976, quando estreou com sua obra-prima "Eu sou autossuficiente", construiu uma carreira caracterizada por filmes nos quais é possível reconhecer de imediato a marca de seu autor.

Os filmes de Moretti costumam incluir anotações autobiográficas (entre elas a menção ao linfoma que tratou há mais de uma década), observações afiadas sobre o interior do mundo do cinema e, sobretudo, um visível compromisso político, já que seu criador manteve uma presença muito ativa e aberta como representante do pensamento de esquerda dentro do mundo artístico e cultural italiano, sempre com uma visão aberta, questionadora e autocrítica.

Com "A missa acabou" (1985), obteve o Urso de Prata no Festival de Berlim e ganhou com "O quarto do filho" (2001) a Palma de Ouro em Cannes, que o elegeu como um dos seus diretores favoritos nas últimas décadas.

Lá, ele apresentou nove filmes, incluindo o mais recente, "O melhor está por vir" (2023).