CÂMARA DOS DEPUTADOS

Após negativa de Motta sobre anistia, PL muda estratégia e adota tom de negociação

Líder Sóstenes Cavalcante afirmou que obstrução a pautas foi retirada como "gesto"

Deputado Sóstenes Cavalcante (PL - RJ) - Divulgação / Câmara dos Deputados

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, decidiu recuar em parte da ofensiva que fazia pelo projeto de lei da anistia na Câmara dos Deputados e passou a adotar um tom de negociação. A proposta perdoa acusados e condenados que participaram da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023.

O líder da legenda, Sóstenes Cavalcante (RJ), retirou a orientação para a bancada obstruir todas as pautas e comissões da Casa para mostrar, segundo ele, que não são “tão radicais”.

Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que não pautaria propostas que pudessem gerar “crises institucionais”.

Aos líderes mais próximos disse que “não é o momento” para avançar com a proposta. A lideranças de partidos de centro ainda disseram que o PL, de Jair Bolsonaro, “errou na mão” ao intensificar a pressão sobre o presidente da Casa e que Motta não deve ceder.

— Foi um gesto, para dar uma oxigenada, para mostrar que não somos tão radicais. Estamos com 201 assinaturas. Vamos conseguir as 257 até quinta-feira — disse Sostenes ao Globo.

O Globo teve acesso ao número de deputados por partido que já assinaram favoravelmente à matéria. Sete deputados do PL ainda não registraram apoiamento. Entre partidos de centro, o União é o que mais apoia a matéria, com 25 assinaturas e o PP, com 24 assinaturas.

Mesmo que o PL consiga o total de assistência para pedir que o requerimento de urgência seja pautado, na prática, o presidente da Câmara não é obrigado a colocá-lo em votação. As assinaturas são apenas uma forma de demonstrar apoio a matéria.

Na pauta de plenário desta terça-feira, Hugo Motta acrescentou requerimentos de urgência para 4 matérias que tratam de reestruturação de cargos do judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Aliados entenderam a decisão como uma sinalização aos ministros das cortes.