Páscoa e Chocolate: veja quais são os benefícios desse item e os riscos do consumo excessivo
Nutricionista alerta que, apesar dos diversos benefícios, assim como tudo na vida, o consumo excessivo do produto pode causar reações adversas e desconfortos
O chocolate é conhecido principalmente por proporcionar às pessoas que o consomem um estado de bem-estar. Essa sensação é desencadeada porque o produto apresenta componentes como o triptofano, que atuam na ativação de neurotransmissores ligado à melhora do humor.
De acordo com a nutricionista Mariana Cardoso, o chocolate estimula a liberação de substâncias como a serotonina, dopamina e endorfina, que são conhecidos como ‘hormônios da felicidade’.
“Elas estão associadas ao prazer e bem-estar. Por isso, muitas pessoas sentem aquela sensação boa ao comer chocolate, principalmente nos momentos de estresse ou ansiedade”, afirma a especialista.
Benefícios do chocolate
Além disso, Mariana explica que o chocolate, principalmente o amargo, quando consumido com moderação, pode trazer diversos benefícios à saúde, uma vez que o cacau, fruto que é a base do que conhecemos como chocolate, é rico em compostos e minerais importantes.
“O cacau é rico em antioxidantes, como os flavonoides, que ajudam a melhorar a circulação sanguínea, protegem o coração e até beneficiam o cérebro, ajudando a memória e a concentração. O cacau também tem minerais importantes como magnésio, ferro e potássio. Por isso, o chocolate, principalmente o amargo, quando consumido com moderação, pode trazer esses mesmos benefícios à saúde”, detalha a nutricionista.
No entanto, Mariana ressalta que, assim como tudo na vida, não é qualquer chocolate que apresenta benefícios, bem como o consumo excessivo do produto pode causar reações adversas e desconfortos.
“Quanto maior o teor de cacau, maior a concentração de antioxidantes e compostos ativos. Os chocolates com 70% de cacau (os mais amargos) ou mais são os mais indicados se a ideia for aproveitar os efeitos positivos do cacau. Os chocolates ao leite e branco contêm outros aditivos como ingredientes, mais gordura, e pouco cacau, então os benefícios são reduzidos se comparado aos amargos”, explica.
Páscoa e chocolate
Na Páscoa, por conta da tradição da época, mesmo quem não costuma consumir chocolate no dia a dia, pode acabar exagerando na dose. Segundo Mariana, o consumo desenfreado de chocolate em um curto espaço de tempo pode desencadear reações e sintomas como dor de cabeça, azia, má digestão, alterações no sono e até picos de glicose no sangue, que afetam inclusive quem não é diabético.
A nutricionista alerta que, além da porção, também é preciso prestar atenção no rótulo dos produtos, uma vez que, geralmente, os ovos de Páscoa, ou bombons, possuem muito mais aditivos do que o cacau propriamente dito na composição.
Para quem deseja fazer escolhas mais conscientes, Mariana orienta que o chocolate amargo, geralmente com mais de 70% de cacau, é o mais indicado.
“Esses têm mais compostos antioxidantes, o que é bastante interessante para a nossa saúde, podendo ser até benéficos para a melhora do humor e da saúde cardiovascular, quando consumidos com moderação”, afirma Mariana.
“Além disso, a preferência é que o consumo seja feito sempre após uma refeição, porque esse chocolate vai ser melhor absorvido do que quando consumido em jejum”, complementa a nutricionista.
O tradicional chocolate ao leite é feito com a massa de cacau, a manteiga de cacau, além de leite em pó e açúcar.
“Ele também tem o fruto do cacau na composição, o que dá aquele sabor mais equilibrado, traz alguns benefícios como o antioxidante, e faz bem para a saúde”, pontua a nutricionista.
Já o chocolate branco não leva a massa de cacau na composição. A especialista explica que, embora ele seja tecnicamente considerado chocolate pela legislação brasileira, a sua composição leva apenas a manteiga de cacau, que é a parte mais gordurosa do fruto.
“O chocolate branco é, basicamente, gordura, açúcar e leite. Por isso que ele é mais doce, tem um sabor mais amanteigado e um valor nutricional bem maior quando comparado ao chocolate ao leite e amargo. Por isso muita gente fala que não é chocolate de verdade, mas, de acordo com a legislação brasileira, para ser considerado chocolate, tem que ter pelo menos 20% de manteiga de cacau e o chocolate branco tem”, detalha a especialista.
Cuidados
Quando se trata de crianças, o cuidado deve ser redobrado. Como o organismo infantil ainda está em desenvolvimento, ele pode ser mais sensível a alguns componentes do chocolate, como a cafeína, que é uma substância estimulante presente principalmente nos chocolates ao leite e amargo. “Em excesso, pode causar desconforto gastrointestinal, agitação e dificuldade para dormir”.
A recomendação é evitar que os pequenos comam tudo de uma vez.“O ideal é oferecer o chocolate com moderação, evitar que a criança consuma tudo de uma vez, em porções menores, e, se possível, escolher opções mais saudáveis”, destaca Mariana.
Em adultos, a nutricionista explica que os sintomas do consumo excessivo de chocolate durante a páscoa incluem desconfortos como dor de cabeça, má digestão, azia, alterações do sono e etc.
Excesso de chocolate na Páscoa
A dor de cabeça pode ser provocada por substâncias naturais do cacau, como a cafeína, “que afetam o sistema nervoso central e, em excesso, podem causar a vasodilatação e alteração na pressão, o que pode desencadear dores de cabeça em pessoas mais sensíveis”.
Além disso, a cafeína também é estimulante, o que pode causar alterações no sono. “Ela aumenta o estado de alerta, pode acelerar os batimentos cardíacos e também pode dificultar o relaxamento, que é necessário para que se consiga dormir. Então, se o chocolate for consumido no final da tarde ou à noite, a cafeína ainda pode estar ativa no organismo”.
A azia e a má digestão podem ocorrer quando o chocolate tem um alto teor de gordura. “Esse fator dificulta o esvaziamento gástrico, o que pode levar a sensação de estômago pesado, favorecendo um refluxo, especialmente em pessoas que já têm predisposição”.
A especialista alerta ainda que o leite na composição dos chocolates pode gerar desconforto até em quem não tem intolerância à lactose.
“A combinação desses componentes pode ser mais difícil de ser digerida para algumas pessoas, mesmo que não tenham intolerância diagnosticada. Então, para quem tem sensibilidade, o ideal é optar por chocolates meio amargos, ou até mesmo as versões sem lactoses, que já estão disponíveis hoje no mercado”, orienta a nutricionista.
Para minimizar os efeitos do excesso, a dica é fracionar o consumo ao longo dos dias, manter uma boa hidratação, praticar atividades físicas e equilibrar as demais refeições com fibras, frutas e proteínas.
“Algumas estratégias são fracionar o ovo de páscoa, bombons, barras de chocolate, ao longo do dia e evitar consumir tudo de uma vez. Além disso, incluir frutas, fibras, proteínas, durante as refeições, e, é claro, manter a hidratação sempre em dia e ter uma rotina de atividade física. Tudo isso ajuda a compensar esses eventuais exageros”, reforça Mariana.