EDUCAÇÃO

MEC cria comitê para acompanhar dados da educação após polêmica com números sobre alfabetização

Dados do Saeb foram divulgados na última semana após determinação de Camilo Santana

Ministério da Educação - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após a polêmica envolvendo a não divulgação dos dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o ministro da Educação, Camilo Santana, criou um grupo de especialistas para acompanhar os indicadores nacionais desse período da formação escolar para “tirar dúvidas” e garantir “transparência”.

— Quando ocorre divergência de dados, como ocorreu recentemente, para dar transparência a tudo isso, criamos uma portaria ontem, um grupo de notórios, especialistas na área, para tirar qualquer dúvida e dar orientações ao Mec sobre esse tema. Considero fundamental para dar transparência — afirmou o ministro durante divulgação dos dados do Censo.

O grupo é presidido pelo secretário-executivo do MEC, Leonardo Osvaldo Barchini Rosa, e formado por dois servidores do Inep e seis especialistas de fora do governo. A portaria diz que o comitê tem "caráter consultivo", "com a finalidade de sugerir aprimoramentos às avaliações da educação básica de responsabilidade do Ministério da Educação".

Os dados do Saeb foram divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) após determinação de Camilo Santana. O presidente do Inep, Manoel Palácios, justificou que a decisão anterior por não publicizar as informações foi tomada após os técnicos identificarem uma margem de erro considerável no resultado entre os estados. Em 2021, a pesquisa passou por uma mudança metodológica, reduzindo a amostra utilizada, o que pode ter causado a distorção.

Palácios afirma que, para a edição de 2025, o Inep retomará o patamar da amostra de 2019. Não há informações se os resultados de 2021 tiveram algum prejuízo e nem por que houve a mudança.

Em 2023, o Ministério da Educação passou a considerar o Indicador Criança Alfabetizada como o dado oficial para medir a alfabetização no Brasil. É ele que guiará as políticas públicas desenhadas pelo governo federal. O Saeb, por sua vez, passará a ser usado para aperfeiçoamento técnico.

A principal diferença é que enquanto o Saeb utiliza dados amostrais, ou seja, com apenas uma parcela dos alunos. Já o Indicador Nacional Criança Alfabetizada utiliza uma metodologia censitária, ou seja, com a totalidade dos alunos. Por essa razão, os dados não são comparáveis.

O novo modelo também utiliza avaliações estaduais de educação, realizadas com orientação do Inep. A adesão, no entanto, não é obrigatória. Em 2023, por exemplo, Acre, Roraima e Distrito Federal não enviaram seus resultados.

— Nenhuma política pública tem consistência e eficácia se não tiver envolvimentos atores federativos do país . O Inep construiu uma metodologia, uma pesquisa nacional para estabelecer um padrão de alfabetização, porque quase todos os estados tem sua política de alfabetização. O que fizemos foi construir uma política pactuada com governadores, com metas e avaliações cientificamente avaliadas pelo Inep — declarou Camilo.