União Europeia classifica sete países como seguros e limita concessão de asilo para seus cidadãos
Medida mira algumas das nacionalidades que registraram mais pedidos de asilo nos últimos anos, como Colômbia e Bangladesh
A União Europeia (UE) classificou, em uma lista publicada nesta quarta-feira, sete países como "seguros", uma medida que limita aos cidadãos destas nações as possibilidades de obter asilo e permitiria acelerar a sua deportação.
A iniciativa ainda abre caminho para que os Estados membros direcionem migrantes de nacionalidades com poucas chances de obter asilo ou que já tiveram seus pedidos rejeitados a aguardarem os trâmites processuais em centros de retorno fora do bloco, num modelo similar à parceria firmada entre Itália e Albânia no ano passado que virou alvo de contestações na Justiça.
Os sete países considerados seguros são Kosovo, Bangladesh, Colômbia, Egito, Índia, Marrocos e Tunísia. Kosovo, no entanto, não é reconhecido como país independente por cinco membros da UE. A identificação dos sete países significa, em princípio, que cidadãos dessa origem não são considerados sujeitos prioritários para asilo e podem ser devolvidos.
A medida mira alguns dos países que registraram mais pedidos de asilo nos últimos anos. Em 2024, os colombianos foram a quarta nacionalidade com mais solicitações no bloco, em sua maioria para a Espanha, segundo dados da Eurostat.
Cidadãos de Bangladesh, por sua vez, ficaram em sexto em pedidos de asilo e lideraram as travessias clandestinas pelo Mediterrâneo Central, em muitos casos seguindo a rota depois de chegarem na Líbia legalmente com visto de trabalho. Egito e Marrocos completam o ranking de pedidos, nas nona e décima posições, respectivamente.
Os países também são uma importante rota para a UE, com migrantes de diversas nacionalidades usando seus portos como ponto de partida para chegar no Velho Continente pelo mar.
O comissário europeu para a Migração, Magnus Brunner, declarou em um comunicado que vários Estados da UE "enfrentam um acúmulo significativo de pedidos de asilo, então tudo o que pudermos fazer para tornar as decisões de asilo mais rápidas é essencial".
Em sua declaração, a UE observou que "em princípio" os países que receberam o status formal de candidatos à adesão à UE "cumprem os critérios para serem designados como países de origem seguros".
A adoção da lista de países de origem considerados seguros permitiria que as autoridades nacionais agissem mais rapidamente em solicitações apresentadas por migrantes de outras nacionalidades.
A UE já havia apresentado uma lista semelhante em 2015, mas o plano foi abandonado devido a debates acalorados sobre a inclusão ou não da Turquia. Vários países do bloco europeu adotaram suas próprias listas de países considerados seguros, embora até agora não haja uma lista unificada para todo o bloco europeu.
Pressão sobre a UE
Na rede social X, a ONG EuroMed Rights criticou a lista da UE, que considerou "perigosa" devido ao histórico de Marrocos, Egito e Tunísia. Segundo a ONG, esses países "são conhecidos por violações dos direitos humanos. Dizer que são seguros é perigoso".
A lista, no entanto, ainda precisará ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelos 27 países do bloco. Nesta quarta-feira, um porta-voz da Comissão disse que a lista será "dinâmica" e que os países do bloco também poderão criar suas próprias listas. A França, por exemplo, também considera Mongólia, Sérvia e Cabo Verde países seguros.
Vários países do bloco europeu pressionavam a Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, para reduzir o número de chegadas e facilitar o processo de devolução de migrantes não aceitos aos seus países de origem.
Em resposta, a Comissão apresentou em março um projeto de reforma do sistema de devolução de migrantes, abrindo caminho para que os Estados-membros estabeleçam centros de retorno de migrantes fora do bloco.
Em 12 de março, a Comissão propôs um novo sistema para o retorno de migrantes não aceitos, incluindo a possibilidade de os países da UE estabelecerem centros fora do território europeu para reunir as pessoas que serão deportadas.
Além disso, a UE propôs o reconhecimento mútuo entre os países do bloco sobre as decisões relacionadas ao assunto. Sendo assim, uma decisão tomada na Áustria sobre a deportação de uma pessoa deve ser implementada na Espanha e em Portugal.
A Itália lançou uma iniciativa para reunir migrantes não aceitos em um centro na Albânia, antes de sua deportação, embora o projeto esteja paralisado nos tribunais.