ESTADOS UNIDOS

Trump posta foto de mão com tatuagem de gangue que seria de salvadorenho deportado por "erro"

Imagem seria de Kilmar Abrego Garcia; governo Trump admitiu perante a justiça que a deportação de Garcia ocorreu por um erro

Trump posta foto da mão de Kilmar Abrego Garcia, o salvadorenho deportado pelo governo americano por um suporto "erro administrativo" - X/Reprodução

O presidente americano Donald Trump publicou em suas redes sociais, na tarde deste sábado, a imagem de uma mão, tatuada com símbolos que estariam ligados a gangues de El Salvador. Segundo o republicano, a foto seria de Kilmar Abrego Garcia, o salvadorenho deportado pelo governo americano por um suporto "erro administrativo".

Na legenda da publicação, Trump escreveu: "Esta é a mão do homem que os democratas acham que deveria ser trazido de volta aos Estados Unidos, porque ele é 'uma pessoa tão boa e inocente'. Disseram que ele não é membro da MS-13, embora tenha a sigla MS-13 tatuada nos nós dos dedos, e dois Tribunais Altamente Respeitados consideraram que ele era membro da MS-13, espancou a esposa, etc. Fui eleito para tirar pessoas más dos Estados Unidos, entre outras coisas. Preciso ter permissão para fazer o meu trabalho. 'MAKE AMERICA GREAT AGAIN'".

Veja o post:



O governo Trump admitiu perante a justiça que a deportação de Garcia ocorreu por um erro, mas em uma declaração recente, a Casa Branca afirmou que ele "nunca mais" voltaria aos EUA, apesar da determinação da Suprema Corte americana para que o governo "facilitasse" o retorno dele ao país.

Inicialmente, autoridades de El Salvador negaram o pedido do senador americano para encontrar o deportado, incluindo uma recusa para visitar o Cecot ou contatá-lo por telefone.

Após o arranjo de quinta-feira, o presidente de El Salvador, Nayib Bukele — que em visita a Washington afirmou que Garcia continuaria no país e que não tinha "poder" para devolvê-lo aos EUA — ironizou o encontro do deportado com Van Hollen.

O senador americano Chris Van Hollen, do Partido Democrata, encontrou-se pessoalmente na quinta-feira com o Kilmar Abrego Garcia, homem deportado por um "erro administrativo" do governo Donald Trump.

O encontro aconteceu em um hotel em San Salvador, e configura o primeiro contato de Garcia com alguém fora da cadeia desde que foi aprisionado no Centro de Controle do Terrorismo (Cecot), penitenciária de segurança máxima salvadorenha, apesar de não ser condenado por nenhum crime.

Fotos divulgadas na noite de quinta pelo gabinete do senador democrata, integrante da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano, mostram Garcia em trajes civis, sentado e conversando com Van Hollen.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, também compartilhou imagens do encontro em sua conta no X. As imagens foram os primeiros registros públicos de Garcia desde março.

"Kilmar Abrego Garcia, milagrosamente saído dos 'campos de extermínio' e da 'tortura', agora toma margaritas com o senador Van Hollen no paraíso tropical de El Salvador!", escreveu o presidente em uma publicação nas redes sociais, completando depois: "Agora que sua saúde foi confirmada, ele tem a honra de permanecer sob custódia de El Salvador".



A visita de Van Hollen faz parte de um esforço mais amplo dos democratas para dar visibilidade ao caso de Garcia, colocando sua detenção como um exemplo, na tentativa de contestar a abordagem do governo Trump à imigração e ao crime organizado.

"Este é um exemplo de um desafio muito maior, sem dúvida", disse Van Hollen sobre o caso de Garcia, que vivia em Maryland sob ordem de um juiz de imigração que lhe concedia proteção contra deportação. "Porque, na minha visão, quando você começa a atacar as pessoas mais vulneráveis, e pressiona, pressiona, e se safa com isso, então dá o próximo passo".

Em troca da custódia de imigrantes deportados, Bukele afirmou estar recebendo US$ 6 milhões do governo dos EUA. Na Casa Branca, na tarde de quinta-feira, ao ser questionado por um repórter se tomaria providências para trazer Garcia de volta aos EUA, Trump se esquivou.

"Bem, eu não estou envolvido", disse o presidente. "Vocês vão ter que falar com os advogados, com o Departamento de Justiça".

Outras figuras do governo, contudo, foram menos cautelosas. Na quarta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, convocou uma coletiva de imprensa em que afirmou que Garcia nunca mais vai viver nos EUA.

"Se ele [Garcia] algum dia retornar aos Estados Unidos, será imediatamente deportado novamente", disse Leavitt em uma declaração a jornalistas. "Ele nunca mais viverá nos Estados Unidos da América".

Leavitt acusou o deportado de ter uma denúncia de violência doméstica em aberto — em 2021, segundo o Departamento de Segurança Interna —, e defendeu a política de deportações, ao convidar a mãe de uma jovem morta por um cidadão salvadorenho no estado do Maryland (onde Garcia vivia e por onde Van Hollen foi eleito).

A esposa de Garcia, Jennifer Vasquez Sura, disse em entrevista à Newsweek na quarta-feira que solicitou uma ordem de restrição contra o marido "por precaução", e que teria resolvido a situação em família, inclusive por meio de terapia.

Questionado pela emissora britânica BBC sobre a alegação de violência doméstica, o advogado de Garcia, Benjamin Osorio, questionou se "o governo tem permissão para admitir que infringiu a lei", caso um indivíduo tenha sido acusado de tê-la infringido anteriormente. (Com NYT)