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EUA avalia reduzir presença diplomática na África e escritórios de direitos humanos

Modificação mais importante seria organizar o trabalho diplomático americano em quatro regiões: Eurásia, Oriente Médio, América Latina e Ásia-Pacífico

texto exige uma "reorganização estrutural completa" do Departamento de Estado até 1º de outubro deste ano - Karen Bleier/AFP

 governo dos Estados Unidos estuda reduzir significativamente sua presença diplomática na África e também a eliminação dos escritórios do Departamento de Estado responsáveis pela mudança climática, democracia e direitos humanos, segundo um decreto que está sendo avaliado pela Casa Branca.

O secretário do Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o jornal The New York Times, o primeiro a informar sobre a existência do rascunho de decreto, havia sido vítima de outro engano.

"Estas notícias são falsas", escreveu Rubio no domingo em sua conta na rede social X.

A AFP, no entanto, teve acesso a uma cópia do rascunho da iniciativa e o texto exige uma "reorganização estrutural completa" do Departamento de Estado até 1º de outubro deste ano.

O objetivo, segundo o texto preliminar do decreto, é "agilizar a execução das missões, projetar a força americana no exterior, reduzir o desperdício, a fraude e o abuso, e alinhar o Departamento com a Doutrina Estratégica 'Estados Unidos em Primeiro Lugar'".

A mudança mais importante seria organizar o trabalho diplomático americano em quatro regiões: Eurásia, Oriente Médio, América Latina e Ásia-Pacífico.

O atual Escritório para África seria excluído. Em seu lugar, foi criado um "Escritório do Enviado Especial para Assuntos Africanos", que é reportado ao Conselho de Segurança Nacional interno da Casa Branca, em vez do Departamento de Estado.

"Todas as embaixadas e consulados não essenciais na África Subsaariana serão fechados", afirma o texto que está sendo avaliado, enquanto todas as missões restantes serão consolidadas sob um enviado especial "por meio de presenças específicas e orientadas para a missão" em questão.

Na África, a atenção se concentrou na luta contra o terrorismo e na “extração e comércio estratégico de recursos naturais críticos”.

Outra é que a embaixada americana na capital do Canadá, Ottawa, também seria "significativamente novidade reduzida".

O presidente Donald Trump continua expressando ambições expansionistas em relação ao vizinho do norte, que descreve como o "51º estado" dos Estados Unidos.

O rascunho do decreto não foi elaborado publicamente pelos funcionários.

Contudo, o texto foi modificado em meio a uma onda de medidas de Trump para cortar as iniciativas de 'soft power' dos Estados Unidos que são aplicadas há décadas e questionar as alianças de longos dados do país, incluindo a Otan.

A iniciativa em discussão foi revelada após o vazamento para a imprensa americana de outro plano, segundo o qual o Departamento de Estado teria seu orçamento reduzido pela metade.

No esboço mais recente do plano, os escritórios que tratam atualmente da mudança climática e dos direitos humanos seriam “eliminados”.

Tom Yazdgerdi, presidente da Associação de Serviço Exterior dos Estados Unidos, que representa os diplomatas americanos, disse à AFP que os funcionários apoiavam a melhoria da eficiência do governo, mas que as medidas anunciadas no rascunho da ordem "pareciam um ataque com um machado".

“Temos a sensação de que estamos nos isolando do mundo”, acrescentou, neste domingo.

Yazdgerdi considerou que a nova estratégia constitui uma "ferida autoinfligida" para o país, ao mesmo tempo em que destacou que o "soft power" é o que "faz os Estados Unidos serem grandes".