Papas que marcaram a História: de reformistas a conservadores, quem foram os mais influentes?
Assim como Francisco, outros nomes são frequentemente apontados por estudiosos como alguns dos mais influentes da instituição
A Igreja Católica já foi liderada por 266 pontífices desde a sua criação, e muitos deles marcaram a História, seja por uma postura mais conservadora ou reformista, ou por algum acontecimento histórico durante o seu pontificado. Assim como o Papa Francisco, que também entrou para o hall de pontífices mais importantes que já passaram pela Igreja, outros nomes são frequentemente apontados por estudiosos como alguns dos mais influentes da instituição.
Veja alguns deles:
São Pedro
Considerado o primeiro Papa (um título que só seria oficializado cerca de dois séculos mais tarde), Pedro foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo. A Igreja Católica o reconhece como o primeiro bispo de Roma nomeado por Cristo e, portanto, o primeiro Pontífice, no século I d.C.
Seu papado teria durado cerca de 37 anos, embora algumas fontes citem 34, sendo o mais longo da História. A Basílica de São Pedro na Cidade do Vaticano leva o seu nome.
Papa Melquíades I
Foi o 32º Pontífice, entre 311 e 314 d.C, século IV, sendo o primeiro de origem africana. Durante seu papado, o imperador romano Constantino I concedeu liberdade religiosa aos cristãos, marcando o fim das perseguições e iniciando uma era de paz para a Igreja.
Preso no trânsito no Centro do Rio e recepcionado por Dilma: como foi a única visita do Papa Francisco ao Brasil
Papa Leão I
Conhecido como Leão, o Magno, foi Papa de 440 a 461 d.C., século V, sendo um dos mais importantes da Antiguidade e com um dos papados mais longos da História (21 anos). Destacou-se por sua habilidade diplomática em uma era de crises e invasões — convenceu Átila, o Huno, a não invadir Roma —, e por suas contribuições teológicas que ajudaram a definir doutrinas cristãs.
Foi declarado Doutor da Igreja em 1754 pelo Papa Bento XIV, em reconhecimento às suas contribuições teológicas, especialmente sua defesa da doutrina da dupla natureza de Cristo no Concílio de Calcedônia.
Papa Urbano II
Com um pontificado que durou 11 anos, de 1088 a 1099, o Papa Urbano II foi o responsável por proclamar a Primeira Cruzada no Oriente Médio, embora tenha morrido antes de sua culminação, com a tomada de Jerusalém.
Papa Gregório IX
Nascido Ugolino di Anagni, foi o 178º Papa, de 1227 até a sua morte, em 1241. É conhecido por instituir a Inquisição Papal na Igreja Católica. Também diz-se que era amigo próximo de São Francisco de Assis, a quem canonizou anos mais tarde.
Papa Pio VI
Giovanni Angelico Braschi, o Papa Pio VI, liderou a Igreja Católica de 1775 a 1799. Seu pontificado foi durante os anos da Revolução Francesa, o que o levou a se tornar um prisioneiro de Napoleão Bonaparte em 1796, sendo levado de Roma a Siena, então território francês. Morreu em cativeiro com 81 anos.
Papa Pio IX
Giovanni Maria Mastai-Ferretti, o Papa Pio IX, liderou a Igreja de 1846 a 1878, sendo este o segundo mais longo pontificado da História, com 31 anos de duração.
Conservador, foi ele quem proclamou o dogma da Imaculada Conceição (que afirma que Maria, mãe de Jesus, foi concebida sem pecado original) e convocou o Concílio Vaticano I, que definiu o dogma da infalibilidade papal, isto é, protegido pelo Espírito Santo de erros em questões de fé e moral. Também marcou sua oposição às mudanças sociais e políticas do século XIX, como liberalismo, racionalismo, socialismo e o secularismo.
Foi uma figura controversa, mas extremamente influente, tendo sido beatificado em 2000 pelo Papa João Paulo II.
Papa Paulo VI
Nascido Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini, na comuna italiana de Concesio, em 1897, o Papa Paulo VI liderou a Igreja Católica de 1963 até a data de sua morte, em 1978. Seu pontificado, que durou 15 anos, atravessou alguns dos momentos da História recente de mais importância, como a Guerra Fria e a corrida espacial.
Paulo VI foi o primeiro dos papas a visitar os cinco continentes. Muitos especialistas o apontam como um dos maiores da História moderna da Igreja, por ter sido capaz de trazê-la para os debates do século XX, com um viés menos datado.
Papa João Paulo II
O Papa "pop". Nascido Karol Józef Wojtyła, o polonês João Paulo II liderou a Igreja de 1978 a 2005. Conhecido por seu carisma e proximidade com os jovens, foi o Papa que mais realizou viagens pastorais: foram cerca de 130 países, incluindo três visitas oficiais ao Brasil (a última em 1997).
João Paulo II foi pioneiro em abrir pontes de diálogo com judeus, muçulmanos e outras religiões, mas também manteve posições firmes sobre temas como controle de natalidade, sexualidade e celibato clerical. Ele foi vítima de um atentado na Praça de São Pedro, em 13 de maio de 1981, ao ser baleado por Mehmet Ali Ağca, a quem perdoou posteriormente.
Seu papado também foi marcado por críticas e desafios, como os escândalos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja. Embora tenha reconhecido o problema, muitos consideram que as ações tomadas durante seu pontificado foram insuficientes. Foi canonizado em 2014 pelo Papa Francisco.
Papa Bento XVI
Joseph Ratzinger, alemão, liderou a Igreja de 2005 a 2013. Sua renúncia em 2013 foi um acontecimento inédito nos tempos modernos: o último a fazê-lo havia sido o Papa Gregório XII, em 1415. Antes de se tornar Papa, foi um renomado teólogo e um dos principais intelectuais da Igreja no século XX.
Assim como seu antecessor, também enfrentou escândalos de abuso sexual envolvendo membros do clero. Apesar de implementar medidas para combater os casos, foi criticado por muitos por não agir de forma mais contundente frente ao problema.
Após renunciar, assumiu o título de Papa Emérito e viveu no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, onde se manteve recluso. Bento XVI morreu em 31 de dezembro de 2022, aos 95 anos.