Argentina

Argentinos lotam Catedral de Buenos Aires para se despedir de seu compatriota, o Papa Francisco

Muitos fiéis não conseguiram se sentar e ajoelharam-se no chão, com lágrimas nos olhos

Fiéis lotam Catedral de Buenos Aires durante missa em homenagem ao Papa Francisco, que morreu aos 88 anos - Juan Mabromata / AFP

Dezenas de argentinos lotaram a Catedral Metropolitana de Buenos Aires, onde o Papa Francisco atuou como arcebispo, para acompanhar a primeira missa após o anúncio de sua morte nesta segunda-feira. Muitos fiéis não conseguiram se sentar e ajoelharam-se no chão, com lágrimas nos olhos.

— O pai de todos nós morreu — disse o arcebispo Jorge Garcia Cuerva na missa. — Perdemos o Papa dos pobres, dos marginalizados, daqueles que são excluídos por muitos.

Em frente ao átrio: flores e uma foto do Papa, que morreu aos 88 anos nesta segunda-feira de Páscoa. Os fiéis, então, se reuniram em duas longas filas para receber a comunhão.

— É muito forte porque ele era uma pessoa que se preocupava com os pobres e nos deixou sozinhos. Ele sempre estará conosco — disse Juan José Roy, um aposentado de 66 anos.

— A única coisa que me deixa muito tranquilo é que ele pôde se despedir do mundo ontem, na Páscoa.

Após receber alta do hospital em 23 de março, onde ficou 38 dias internado com uma grave pneumonia, o Papa parecia enfraquecido, mas conseguiu participar das celebrações de Páscoa no domingo.

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A catedral de Buenos Aires permanecerá aberta até o dia do funeral do Papa, cujos detalhes ainda não foram divulgados.

— Quando soubermos mais, convidaremos todos a rezar juntos pelo descanso eterno do Papa Francisco — concluiu Cuerva.

Falecimento
A verificação da morte não aconteceu mais no quarto do Papa, mas em uma capela privada, para onde foi levado vestido com uma batina branca e onde um Camerlengo, outras autoridades do Vaticano e membros da família do Papa participaram de uma cerimônia;

Após a confirmação da morte, o corpo do Pontífice foi depositado diretamente em um único caixão, de madeira e zinco, e não mais sob a exigência anterior de que fosse envolvido por três caixões (de cipreste, chumbo e carvalho). É nele que Francisco será enterrado;

Depois da cerimônia na capela, o Camerlengo redigiu um documento autenticando a morte do papa, no qual afixou o relatório médico. Ele então atuou para proteger os documentos privados do Pontífice e selou seus apartamentos, uma ampla seção no segundo andar da Casa Santa Marta, residência de hóspedes da Cidade do Vaticano, onde Francisco viveu durante seu papado;

O Camerlengo também procedeu para destruir o chamado anel do pescador, usado pelo Papa para selar documentos com um martelo cerimonial para evitar falsificações.

Missa e sepultamento
A Assembleia de Cardeais decidirá a data e a hora em que o corpo do Papa será levado para a missa exequial na Basílica de São Pedro, em uma procissão liderada pelo Camerlengo e na qual o corpo do Papa no caixão começará a ser visto;

O corpo será exposto ao público somente no caixão e não mais num pedestal elevado, como foi feito com os antecessores João Paulo II e Bento XVI;

A cerimônia, como de praxe, terá a presença de chefes de Estado e de governo;

Ao fim da missa e da exibição do corpo, haverá o sepultamento;

O rosto do Papa será coberto por um véu de seda branco e será enterrado com uma bolsa contendo moedas cunhadas durante seu papado e uma vasilha com um “rogito”, ou escritura, listando brevemente detalhes de sua vida e papado. O rogito é lido em voz alta antes de o caixão ser fechado;

Nos noves dias posteriores à missa exequial, haverá missas em sufrágio ao Papa, as chamadas novendiais.