Entenda o que é derrame cerebral, causa da morte do Papa Francisco
Pontífice morreu na madrugada desta segunda-feira após fazer uma última aparição pública na Basílica de São Pedro durante o domingo de Páscoa
O Papa Francisco, líder da Igreja Católica, morreu, na madrugada desta segunda-feira, devido a um acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral, confirmou o Vaticano.
O Pontífice tinha 88 anos e fez sua última aparição pública neste domingo de páscoa na Basílica de São Pedro.
O documento que atesta sua morte destaca ainda que Francisco sofria com pressão alta e diabetes tipo 2 e tinha passado recentemente por um episódio de insuficiência respiratória aguda devido à pneumonia polimicrobiana bilateral, causa da internação do Papa entre fevereiro em março.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o AVC é uma das principais causas de morte, incapacitação e internações em todo o mundo. O quadro é caracterizado pela obstrução ou rompimento de vasos que levam sangue ao cérebro. Com isso, a área cerebral afetada fica sem fornecimento de sangue e, consequentemente, de oxigenação.
Segundo a Sociedade Brasileira do AVC (SBAVC), o problema é dividido em dois tipos:
AVC isquêmico: responsável por 85% dos casos, ocorre pela obstrução ou redução do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral, causando falta de circulação no seu território vascular.
AVC hemorrágico: responsável por 15% dos casos, é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com vazamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral) e outras regiões do crânio.
Alguns sinais do AVC, de acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, são:
Enfraquecimento, adormecimento ou paralisação da face, braço ou perna de um lado do corpo;
Alteração de visão: turvação ou perda da visão, especialmente de um olho; episódio de visão dupla; sensação de "sombra" sobre a linha da visão;
Dificuldade para falar ou entender o que os outros estão falando, mesmo que sejam as frases mais simples;
Tontura sem causa definida, desequilíbrio, falta de coordenação no andar ou queda súbita, geralmente acompanhada pelos sintomas acima descritos;
Dores de cabeça fortes e persistentes;
Dificuldade para engolir.
Relembre a internação do Papa
Os últimos problemas de saúde de Francisco tiveram início no começo de fevereiro, quando a Santa Sé anunciou que o Papa realizaria suas audiências dos dias 6 e 7 de fevereiro em sua casa para se recuperar de uma bronquite.
Devido à persistência do quadro, no dia 14, o Pontífice foi internado no Hospital Gemelli de Roma, na Itália, para realização de exames e tratamento.
Os exames indicaram uma infecção polimicrobiana.
Uma infecção polimicrobiana acontece quando mais de um microrganismo age ao mesmo tempo, entre vírus e bactérias, por exemplo.
Os quadros em idosos costumam começar com uma infecção viral, que compromete as defesas do organismo e abre caminho para uma infecção bacteriana secundária, explicou ao Globo Alexandre Naime Barbosa, chefe da Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Posteriormente, um novo exame de tomografia computadorizada também mostrou que a pneumonia era bilateral, ou seja, estava afetando os dois pulmões do Papa.
O quadro era agravado por Francisco já não ter parte do pulmão, que foi retirada aos 21 anos após um quadro de pleurisia, uma espécie de inflamação que ocorre na pleura, a membrana que envolve os pulmões e a caixa torácica.
Enquanto estava hospitalizado, Francisco chegou a ter episódios de insuficiência respiratória aguda.
O quadro é definido como a incapacidade do sistema respiratório em promover adequadamente as trocas gasosas, ou seja, realizar a oxigenação do sangue e a eliminação de gás carbônico.
Após 37 dias de internação, o Papa Francisco recebeu alta no dia 23 de março.
Sua agenda continuou limitada devido à recuperação do quadro, mas o Pontífice chegou a fazer algumas aparições públicas antes da sua morte, nesta segunda-feira.
Ontem, no domingo de Páscoa, apareceu pela última vez para desejar “Boa Páscoa” aos fiéis presentes na Basílica de São Pedro.