TRAMA GOLPISTA

Defesa de secretário de Segurança do DF no 8/1 diz ao STF que ele nunca teve 'aspirações políticas'

Advogado Danilo David RIbeiro, que representa o delegado da PF Fernando Oliveira, argumenta que não houve ação direcionada da PF

STF

A defesa do delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e um dos seis denunciados no chamado núcleo 2 da trama golpista, negou nesta terça-feira (22) envolvimento do réu em ações voltadas à tentativa de golpe de estado.

— Fernando Oliveira não possui filiação partidária, é um delegado de ação, não tem uma rede social (...). Não há nos autos uma foto de Fernando com camisa do Brasil, com camisa vermelha, com camisa verde, defendendo posição política. Fernando sempre zelou pela discrição. Ele foi o único dos denunciados que no primeiro dia compareceu espontaneamente seu celular sem apagar uma mensagem sequer, uma foto sequer. (...) Ele tem perfil técnico, sem aspirações políticas — disse Danilo David Ribeiro, que representa o delegado.

O advogado afirmou que a defesa de Oliveira "veio se debatendo nos autos dos inquéritos" nos últimos dois anos em relação à acusação de interferência nas eleições por meio de policiamento direcionado da PRF. Segundo ele, "a defesa se sentiu surpreendida em relação a fatos do 8 de Janeiro".

A sustentação oral de David Ribeiro foi a primeira apresentada no julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que vai decidir até quarta-feira se acolhe a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os seis denunciados pelos crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Caso o STF aceite a denúncia, os acusados viram réus.

Foi esse núcleo que planejou e coordenou, segundo a denúncia da PGR, o bloqueio de rodovias do Nordeste no dia do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 com o objetivo de impedir a votação em locais em que Luiz Inácio Lula da Silva era favorito. Integrantes do núcleo também participaram do plano Punhal Verde e Amarelo, com o monitoramento de autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O plano, que foi abortado em dezembro de 2022, tinha o intuito de sequestrar e assassinar Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o então vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

Oliveira é acusado de ter participado da organização dos bloqueios de estrada e de conivência com falhas de segurança que permitiram os atos golpistas do 8 de Janeiro.