entrevista

Carolina Dieckmann fala da lei que leva seu nome, fama de antipática e vazamento de fotos íntimas

Em entrevista à jornalista Maria Fortuna, atriz conta que tem gatilhos toda vez que acontece algo estranho em seu celular: "Minhas senhas viraram uma loucura", diz ela, que também lembra processo contra o programa "Pânico"

Carolina Dieckmann: "Botaram um carvalhão na porta da minha casa e 60 pessoas me xingando", diz ela, sobre o programa "Pânico na TV" - Leo Aversa

Carolina Dieckmann contou que tem gatilhos toda vez que algo estranho acontece com seu telefone.

A memória do episódio em que teve as fotos íntimas que mandava para o marido, Tiago Worcman, vazadas ainda está em seu corpo.

Ela relembrou o acontecimento em entrevista à jornalista Maria Fortuna, no videocast "Conversa Vai, Conversa Vem", no ar no Youtube do jornal Globo.

A atriz também analisou os efeitos da Lei Carolina Dieckmann(também conhecida como Lei dos Crimes Cibernéticos, a norma de 2012 criminaliza atos como invasão de dispositivos eletrônicos e violação de dados), falou sobre o processo que moveu e venceu contra o programa "Pânico" ("eles colocaram um carvalhão na porta da minha casa e 60 pessoas para me xingar de puta", recorda) e classificou de "injusta" a fama de antipática.

Leia abaixo:

Mas você sempre soube mostrar o que era parte do jogo da exposição e o que era crime, tanto que temos a lei Carolina Dieckmann, fruto da sua luta após ter foto íntimas vazadas. Sente que algo mudou em relação à privacidade das pessoas?
Com certeza. Hoje, as pessoas têm a que recorrer. Eu não tive.

Quando cheguei na frente do delegado ele disse: "Não temos uma lei para isso, você vai ter que dizer que foi por chantagem". Respondi: "Então, vamos dizer".

No julgamento, quatro anos depois, já tinha a lei e o juiz começou assim: "Há uma lei no seu nome, mas que não poderemos usar porque ela é pós, foi criada depois".

Não pôde se servir da sua própria luta.
Em vários sentidos. Fui muito atacada por mulheres que não entendiam.

"Por que você manda a foto pelada?". Fiquei um tempão respondendo: "Parou de tirar foto pelada para o seu marido, né?".

Gente, não vou parar de fazer nada, o erro erro não está no que estou fazendo. Continuavam não entendendo.

A gente tem que poder fazer o que quiser, ninguém tem nada a ver com isso. Hoje, com a lei, há como reclamar. Recebo cartas de mulheres que passaram por situações, até famosas, que vêm me perguntar.

Mas o que me toca é adolescente começando descobrir a sexualidade, que tira foto e, aí, vaza. É uma violência de um tamanho.

Passou a tomar mais cuidado com o que armazena no celular?
Passei a ter mais cuidado com as senhas, que viraram uma loucura. Mesmo assim, me sinto insegura, tenho gatilhos. Toda vez que qualquer coisa esquisita acontece no telefone, entro em pânico.

De susto pelo que passei. Quando aconteceu, estava em São Paulo, no ensaio de um filme, desconectada do mundo. Saí e eram era milhões de mensagens, todo mundo já estava vendo. Uma amiga me botou num jatinho e jogou meio Frontal na minha boca. Eu não tomo remédio para nada. Não dava para eu chegar no Santos Dumont normalmente.

Minha preocupação era meu filho adolescente que, quando chegava em casa, ia direto para o computador ver notícia do Flamengo.

Ele tinha, sei lá, 13 anos, na época. Foi um estupro.

Fui atravessada por um negócio e não dava tempo de reagir a tudo que tinha que reagir, mandar alguém desligar a internet da minha casa, chegar em casa e ligar para o Tiago. O que o Tiago passou...

Eram eram violências de todos os lados, muito barra pesada. Mas não me arrependo de nada. Meu filho fala: "A coisa mais legal da sua carreira toda é que você tem uma lei, né?". Respondo: "Cara, fiz tanta coisa..." (risos).

O programa "Pânico" te perseguiu com aquela história de "sandália da humildade". Você os processou e ganhou R$35 mil. Foi por dinheiro?
Nada a ver com dinheiro. A Rede TV! não tinha dinheiro para pagar, deram uns televisões, converteram e doei o dinheiro imediatamente. Eles colocaram um carvalhão e me xingaram de puta na na porta da minha casa, né, Maria?

Eu estava no dentista, meus vizinhos chamaram a polícia. Quando cheguei, já tinham sido algemados e nem estavam mais lá. Precisava fazer algo.

Se estou entrando numa festa e a pessoa quer me vestir uma sandália, beleza, e daí? Agora, colocar 60 pessoas me xingando na minha porta... Isso não está no game, não é da minha profissão. Também fui muito atacada porque o "Pânico" era muito popular.

Não achava graça e continuo não achando, mas, na época, era assim "Que chata, por que não faz isso?".