VATICANO

Veja quanto tempo demorou os mais recentes conclaves e os mais longos

Processo tem sido mais curto nos últimos anos, como mostram últimos dez

Reunião de cardeais em Roma - reprodução/vídeo/Vaticano

A morte do Papa Francisco evocará um dos ritos mais tradicionais da Igreja Católica Apostólica Romana: o conclave, processo de escolha de um novo sacerdote para o cargo mais importante da Igreja Católica. Com séculos de história, o rito só começou a ganhar o formato atual e a isenção de interferências externas ao longo do século XX, acontece na Capela Sistina, a portas fechadas. É da chaminé dela que saem a fumaça preta, quando ainda não houver a escolha de um novo Papa, e a branca, quando um novo Pontífice for definido.

O conclave, que tem séculos de história, mas só começou a ganhar o formato atual e a isenção de interferências externas ao longo do século XX, acontece na Capela Sistina, a portas fechadas. É da chaminé dela que saem a fumaça preta, quando ainda não houver a escolha de um novo Papa, e a branca, quando um novo Pontífice for definido. O processo tem sido mais curto nos últimos anos, como mostram os últimos dez conclaves:

Conclave de 2013: 2 dias (Francisco)

Conclave de 2005: 2 dias (Bento XVI)

Conclave de outubro de 1978: 3 dias (João Paulo II)

Conclave de agosto de 1978: 2 dia (João Paulo I)

Conclave de 1963: 3 dias (Paulo VI)

Conclave de 1958: 4 dias (João XXIII)

Conclave de 1939: 2 dia (Pio XII)

Conclave de 1922: 5 dias (Pio XI)

Conclave de 1914: 4 dias (Bento XV)

Conclave de 1903: 5 dias (Pio X)

Os dez mais longos conclaves

Conclave de 1740: 182 dias (Bento XIV)

Conclave de 1691: 151 dias (Inocêncio XII)

Conclave de 1775: 134 dias (Pio VI)

Conclave de 1670: 131 dias (Clemente X)

Conclave de 1730: 130 dias (Clemente XII)

Conclave de 1800: 104 dias (Pio XII)

Conclave de 1769: 94 dias (Clemente XIV)

Conclave de 1655: 80 dias (Alexandre VII)

Conclave de 1724: 71 dias (Benedito XIII)

Conclave de 1758: 53 dias (Clemente XIII)

O período de escolha, quando um Papa morre ou renuncia, é chamado de Sé Vacante. Enquanto não há um novo Papa, o Colegiado de Cardeais e o Camerlengo comandam a Igreja e as questões administrativas do Vaticano. Paralelamente, os cardeais são convocados para as reuniões pré-conclave, que definem as datas e todos os detalhes do processo. Giovanni Battista Re, atual decano do Colegiado de Cardeais, preside as reuniões.

Uma vez que o processo esteja alinhado, os cardeais se preparam para entrar em isolamento total do mundo exterior. O acesso a telefones, internet, TV, jornais e demais meios de informação não é permitido após o início do conclave. Eles se hospedam na Casa de Santa Martha, que, assim como a Capela Sistina, fica trancada.

Na manhã do início, o colegiado se reúne na Basílica de São Pedro para a missa solene "Pro eligiendo Pontifice". De lá, vão em procissão para a Capela Sistina entoando a oração "Litania sanctorum" (a Ladainha de Todos os Santos), seguida pelo "Veni, Creator Spiritus", pedindo a intervenção do Espírito Santo e de todos os santos, enquanto assumem seus lugares diante da obra "Juízo Final", de Michelangelo, que fica no altar da capela.

Os cardeais fazem um juramento de segredo — passível de excomunhão em caso de quebra — válido durante e após o conclave, jurando também não apoiar interferências no processo.

Dois terços dos votos
Feito o juramento, o condutor da cerimônia dá a ordem "Extra omnes" ("todos para fora") e aqueles que não fazem parte do conclave deixam a capela. Cabe a um cardeal ler sobre as qualidades necessárias e os desafios do novo Papa. Permanecem nos arredores apenas funcionários de segurança, mestres de cerimônia e outros oficiais essenciais para a logística do rito.

O processo pode ter até 120 cardeais votantes e elegíveis — atualmente, a Igreja tem 252 cardeais, sendo 135 com direito a voto. Aqueles com mais de 80 anos não votam. Para ser escolhido o novo Papa, é necessário conquistar dois terços dos votos válidos. Caso não haja consenso no primeiro dia, o conclave vai para um segundo dia, com mais quatro processos de votação: dois pela manhã e dois pela tarde.

Se não houver um nome escolhido no terceiro dia, dá-se uma pausa de um dia para orações e o processo de quatro votações é repetido na sequência. Cada um dos cardeais eleitores escreve sua escolha em um papel com os dizeres: "Eligo in summen pontificem" (elejo o Sumo Pontífice). Eles se aproximam do altar, um a um, e dizem: "Convoco como minha testemunha Cristo, o Senhor, que será o meu juiz, de que meu voto é dado àquele que, diante de Deus, eu acredito que deva ser eleito."

Nove cardeais são sorteados para funções específicas: três para compor a mesa de votação, três para recolher votos (quando necessário) e outros três para supervisionar a mesa. Para contar os votos, as cédulas são perfuradas na palavra "eligo" com uma agulha e uma linha, formando uma espécie de cordão, e são queimadas com substâncias químicas específicas. É aí que são produzidas as fumaças — preta ou branca.

Eleito, o novo Papa é perguntado se aceita o cargo e escolhe sua nomenclatura ainda durante o conclave. Ele então é apresentado na Praça São Pedro sob o anúncio “Annuntio vobis gaudium magnum: Habemus Papam” (Com grande alegria, anuncio que temos um Papa), encerrando o processo formal.