[Vídeo] Mais clipes, mais músicas e mais shows para MC Troinha

Desde primeiro show – no Bar da Gaiola, no bairro de Nova Descoberta –, quando “não era conhecido por ninguém”, já são mais de 10 anos de carreira

MC Troinha - Arthur de Souza/ Folha de Pernambuco

“Aqui na voz é o Troinha”, repete o MC bregueiro mais “estourado” do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife, a cada vez que é requisitado para gravar um recado na rede social de alguém. Na tarde dessa quarta (6), véspera de feriado, o Portal FolhaPE acompanhou a gravação de mais um clipe do artista, “Marquinha”, na casa de bronzeamento Ananda Bronze. A espontaneidade é forte no MC Tróia, ou Arthur Felipe, um jovem rapaz de 27 anos, casado há 10, pai de um menino e alguém que vê o sucesso se materializar em cachês cada vez mais altos, shows lotados e milhões de visualizações a cada clipe lançado no Youtube. “Eu sonhava com um patamar, hoje estou além do que eu esperava”, diz.

A agenda de Troinha é cheia e já inclui uma turnê no Pará e mais um clipe a ser gravado na ilha de Fernando de Noronha (entre os dias 18 e 20 deste mês com a banda Vingadora). Também anuncia uma turnê já contratada, mas ainda sem data, pela Europa. “Venho pra esses ‘adiantos’ aqui e mais tarde tem três shows. Sete de setembro tem mais gravação de clipe e mais shows”, enumera, perdendo as contas. “Hoje [quarta] eu não sei que horas termina, mas sei que estou começando agora”.

Leia também:
MC Troinha abre seleção após saída de dançarinas


Desde o primeiro show – no Bar da Gaiola, no bairro de Nova Descoberta –, quando “não era conhecido por ninguém”, mas meteu a cara e foi, já são mais de 10 anos de carreira. Entre os lugares preferidos para se apresentar, estão Vitória de Santo Antão (“Quando eu chego lá é um desespero”), Paudalho e as boates MKB e Metrópole, ambas no Recife. “Têm uma energia incrível, grande; eu gosto mesmo de cantar pra eles”.

Você pode nem conhecer um desses hits pelo nome, mas, certamente, já ouviu algum desses refrãos perdidos por aí. Quando se diz que as músicas de Troinha estão “estouradas”, o termo não é uma metáfora: “Balança”, a mais acessada, tem mais de 16,7 milhões de visualizações desde que entrou no YouTube, em maio do ano passado. “Vai descendo” (gravada com a cantora Márcia Felipe) tem quase 9,4 milhões de visualizações; “Sarrada no ar” está perto de 3,2 milhões. E por aí vai. Os cachês que começaram em torno de R$ 200 hoje já estão por R$ 6 mil. “Ele consegue manter esse cachê porque a casa de show sabe que é público certo”, garante o assessor de Troinha, Victor Ronã.

Na última semana, MC Tróia anunciou nas redes sociais que estava em busca de novas dançarinas depois da saída de Vitória Kelly e Dani Costa. O chamado teve resposta de mais de 100 candidatas, pessoas que chegaram a oferecer dinheiro para ocupar a vaga. Mas segundo Ronã, uma conversa fez as meninas retomarem seus postos. A continuação das dançarinas na equipe de Troinha foi "anunciada" em show na última quarta (6).

O “carai” que virou bordão – “É o Troinha, carai!”, para quem não conhece – também foi espontâneo. Troinha “se expressou” e o publicou adorou a “fuleiragem”. O nome artístico, aliás, também veio ao acaso, diz Arthur, rindo, ao ser perguntado da origem. “É delicada a situação. Antes de ficar famoso, eu fazia minhas besteiras”, confessa. “Troia” era a palavra que Arthur pichava por aí; o diminutivo veio das pessoas, em alusão ao seu tipo magro e franzino.

O público de MC Tróia é diverso – “tem criança, adolescente, idoso” –, e ele, que se considera um ídolo, capaz mesmo de influenciar, é um digno exemplar da cultura nascida na periferia que não precisa de nada, além do artista e do público, para existir. Não há métrica naquilo que Troinha faz, ele simplesmente faz, mas não tem ideia do alcance que sua música tem hoje. “Tem vários cantos que eu penso: Como é que minha música chegou aqui? E eu nem imaginava. Eu não sei como minha música chegou na Europa. É Deus”.

Tudo inspira Troinha, e a espontaneidade está também em seu processo criativo. São dele letras e músicas, que simplesmente surgem. “Acho que vem na cabeça uma frasezinha, eu gosto, pego a caneta, posso estar em qualquer canto. ‘Vai descendo’ mesmo, eu fiz na sala com um monte de menino correndo”, diz. O trabalho, se contrapondo, é levado com a seriedade de quem faz o que gosta, o que escolheu fazer e que quer seguir por esse caminho até “onde não der mais”. “Não é só meu potencial de fazer música, não existe chegar e dizer: ‘Vou fazer uma música que vai estourar’. No meu caso, eu acho que é Deus que coloca no momento certo a coisa certa e faz tudo acontecer. De mim, eu acho que não tenho esse dom ainda. Falando sério. É como Deus quer”.